Diretor admite uso de fala fake de chef morto em documentário

O diretor americano, Morgan Neville, criou uma grande polêmica com seu mais atual trabalho, o documentário, Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain, por ter inserido no filme uma fala fake do famoso chef de cozinha Anthony Bourdain.

Durante uma entrevista à revista americana The New Yorker, o cineasta admitiu que utilizou um programa de Inteligência Artificial, chamado deepfake, para recriar a voz do falecido chef de cozinha, vocalizando um e-mail de Bourdain.

Segundo Neville, ele optou por utilizar de inteligência artificial para possibilitar a construção de um conteúdo extremamente crível, mas que nunca existiu de verdade como áudio, com objetivo de fazer com que sua produção causa um maior impacto.

“Havia três citações para as quais eu queria sua voz, mas não havia gravações. Eu criei um modelo de sua voz com Inteligência Artificial. Se você assistir ao filme provavelmente não saberá quais são as outras falas ditas pela IA”, ele explicou.

Indagado sobre se a utilização de tal artificio não afeta eticamente o conteúdo do longa, sendo um documentário, ele deu uma resposta curta e grossa.

“Podemos ter um painel de ética documental sobre isso mais tarde”, ele disse.

Morgan Neville (Reprodução)

Em outra entrevista, dada a revista americana GQ, o cineasta chegou a afirmar ter falado com a viúva do chef de cozinha, Ottavia Bourdain e seu agente literário sobre a utilização das falas fakes e que eles teriam consentido com o método.

“Eu chequei, sabe, com a viúva dele e com seu executor literário, apenas para me certificar que as pessoas ficavam tranquilas com isso. E eles disseram: Tony ficaria de boa com isso. Eu não estava colocando palavras na boca dele. Apenas estava tentando trazê-las à vida”, ele garantiu.

A viúva de Bourdain, no entanto, desmentiu Neville, utilizando sua conta pessoal no Twitter para garantir que ela nunca disse que seu falecido esposo concordaria com tal técnica.

“Eu certamente NÃO fui a pessoa a dizer que Tony ficaria de boa com isso”, ela escreveu.

Apesar da indiferença do diretor com os meios utilizados para conseguir o resultado que queria, a descoberta do método deixou os críticos profissionais que já deram seus pareceres, antes da informação, bastante irritados.

“Quando escrevi minha crítica, não sabia que os cineastas haviam usado um A.I. para falsificar a voz de Bourdain em partes da narração. Eu sinto que isso diz a você tudo o que você precisa saber sobre a ética das pessoas por trás deste projeto”, escreveu em seu Twitter o famoso crítico Sean Burns.

O assunto virou uma grande polêmica nas redes sociais e muitas pessoas começaram a falar no assunto, desaprovando a decisão do cineasta de “criar” um áudio fake de Anthony Bourdain.

“Meu único pensamento real sobre a coisa de voz de Anthony Bourdain feita por IA é que provavelmente não estou qualificado para comentar sobre isso de forma significativa, mas Anthony Bourdain quase definitivamente odiaria minha opinião”, declarou um internauta.

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