Lais Bodanzky defende Incentivo Governamental à Cultura: “Não é dinheiro da saúde ou educação”

Diretora de A Viagem de Pedro também ressaltou que investimento é benéfico para o país

Como muitas produções do cinema nacional, A Viagem de Pedro precisou de recursos para sua execução, algo que não tem sido uma tarefa fácil segundo muitos cineastas e atores e que a diretora do filme defendeu a importância.

O E-Pipoca teve uma conversa exclusiva com Laís Bodanzky, que não poupou palavras ao comentar sobre as dificuldades que o setor audiovisual tem passado nos últimos quatro anos.

“Infelizmente a gente tem esse atual, que eu considero, na minha opinião, um desgoverno, que não entende a importância da cultura para um país, no caso o nosso país, e vem terminando, interrompendo, atrapalhando todas as políticas públicas para a área de cultura. E o audiovisual está neste bolo, muito afetado”, ela ressaltou.

Ela destacou como o Brasil tem sido o único país que não tem promovido o cinema nacional, e como o país perde com essa posição.

“Não existe um país que não valorize sua cultura e não incentive a sua cultura local, e o cinema como algo estratégico da economia criativa, até do ponto de vista do emprego. É de uma burrice você não incentivar porque o país ganha, com esse incentivo você investe aqui, mas o retorno é muito maior ao seu investimento”, ela salientou.

A cineasta confirmou que o longa foi possível graças a um mix de vários fundos, que ela ressaltou como algo muito comum na América Latina.

“Este filme, A Viagem de Pedro, ele sim, foi feito com o incentivo, do audiovisual, do fundo setorial do audiovisual. Ele é feito também com outro fundo da Ibero-Americano, que é o Ibermedia. Ele é uma coprodução com Portugal, então tem recursos de Portugal também”, ela contou.

Ela acrescentou que por ser um filme de época, A Viagem de Pedro precisou de um bom investimento em detalhes, do figurino à estrutura utilizada para filmar cenas no convés do navio em que o ex-imperador viajava, mas seu valor mais do que se justifica com o resultado visto nas telas.

Para esclarecer a confusão feita por muitas pessoas que não têm o conhecimento correto sobre os incentivos governamentais ao audiovisual, ela deixou claro que o dinheiro que ajuda a fazer filmes nacionais não é retirado de outras áreas.

“O fundo do audiovisual tem um recurso significativo que é mantido pelo próprio setor audiovisual, com contribuição de todas as empresas que exploram as telas das mais variadas formas, e elas contribuem a partir de apenas uma pequena, ridícula, porcentagem do seu lucro com este fundo”.

“Esse dinheiro não é da saúde, não é da educação, não, esse recurso, ele é feito do movimento do próprio setor. Se o setor vai bem, ele alimenta o seu fundo e se o setor vai mal, ele diminui. Então o sistema é muito inteligente, isso é a lei específica para o audiovisual”, ela explicou.

Lais Bodanzky no set de filmagem de A Viagem de Pedro (Divulgação)

Ela também falou da Lei de Incentivo à Cultura e como ela é benéfica não só para as produtoras de filmes e cultura, mas extremamente benéficas para as empresas que destinam recursos.

“A Lei Rouanet é muito inteligente, é um mecanismo muito interessante, porque une o público com o privado, que faz uma união de empresas privadas que podem escolher os projetos e podem se beneficiar com a sua marca, o que em outros países não é permitido, e aqui no Brasil pode”.

“As empresas privadas são beneficiadas, os agentes culturais são beneficiados, geram empregos, trazem a nossa cultura, a nossa língua, para um espaço de relevância, tratado com o respeito que tem que ser”, ela concluiu.

A Viagem de Pedro está em cartaz nos cinemas

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