Ancine não deve fazer acordo com estúdios de Hollywood, diz colunista

Com mudança de Governo objetivo voltou a ser valorização do cinema nacional

Num movimento de mudança após sua reestruturação, a Agência Nacional do Cinema (Ancine) decidiu não fechar um acordo com a Motion Picture Association (MPA).

A representante dos interesses dos maiores estúdios de Hollywood, tentava estabelecer com a entidade brasileira, ações de combate à pirataria de produções cinematográficas norte-americanas.

Segundo o colunista de O Globo, Ancelmo Gois, no entanto, a Ancine tem intenção de apresentar uma resposta negativa à proposta da MPA.

A decisão está sendo vista como uma consequência da transição de Governo entre Jair Bolsonaro e Lula, que já causou uma reestruturação da Câmara Técnica de Cinema da Ancine.

Depois de momentos de muita desvalorização, enfim o cinema nacional volta ao foco da entidade governamental, que pretende priorizar a proteção das obras nacionais.

A Ancine já iniciou um processo de estudo de formas de incentivo às produções cinematográficas brasileiras. Um exemplo são as cotas de tela, que devem estabelecer uma parcela mínima de exibição de filmes brasileiros nas salas de cinema.

Disputa desleal

Se a ideia das cotas de tela que está sendo estudada pela Ancine for realmente desenvolvida, será uma grande realização para as produtoras brasileiras.

Gui Pereira (Reprodução/Youtube)

A dificuldade em encontrar datas e salas de cinema para a exibição dos filmes brasileiros, tem sido uma das maiores reclamações dos profissionais do audiovisual do país.

Recentemente, o diretor Gui Pereira, comentou sobre os cinemas priorizarem os grandes filmes norte-americanos. O cineasta teve que explicar porque seu filme, Sistema Bruto, não estava disponível em salas de todas as cidades brasileiras.

“A gente anunciou as cidades onde o filme está estreando nessa primeira semana e a gente tá recebendo muitas mensagens do pessoal falando: ‘Pô e na cidade de Araçatuba, Barretos? E a gente sabe, a gente tá batalhando para que estreie em Araçatuba, em Barretos, mas não depende só da gente depende também da rede de cinema”, ele esclareceu.

Ele apontou o fato de que uma leva muito grande de novos filmes chegavam aos cinemas naquele momento, entre eles algumas produções multimilionárias que acabam ganhando a preferência

“Muitas redes de cinemas estão com a programação lotada, porque tem muito filme estreando e tudo mais, e eles dão mais prioridade aos filmes blockbusters americanos”, ele destacou.

Pouco tempo

Cauã Reymond como Dom Pedro em A Viagem de Pedro (Reprodução)

Cauã Reymond também ressaltou a disputa desleal entre produções nacionais e blockbusters, enquanto promovia o filme A Viagem de Pedro, protagonizado por ele.

“A gente sabe que o momento da cultura brasileira, principalmente do cinema brasileiro, é delicado. Eu não tenho nada contra esses grandes filmes da Marvel, que são um ótimo entretenimento e de vez em quando até passam mensagens interessantes. Mas sabemos que eles tomam as nossas salas de cinema”, ele disse em entrevista ao programa Mais Você.

O ator também destacou o pouco tempo destinado as produções nacionais nas salas de cinema do país.

“A ponto de nossos filmes, se não performam muito bem, saem da sala de cinema e dão lugar a outro. Às vezes a gente fica uma, duas semanas para um trabalho de 9 anos“, ele lamentou.

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