Zola: diretora e roteirista relatam como transformaram uma thread do Twitter em filme

O thriller Zola, dirigido por Janicza Bravo, foi uma das produções mais badaladas do Festival de Cinema de Sundance em 2020. Com roteiro de Jeremy O. Harris, o longa conta uma história curiosa que surgiu anos atrás em um fio no Twitter.

Zola é o primeiro filme de estúdio de Bravo e o primeiro longa de Harris, escrito anos antes de ele se tornar um dos jovens roteiristas mais procurados de Hollywood. Recentemente a diretora e o escritor conversaram com o The Hollywood Reporter sobre o desafio em transformar uma história nascida na internet em uma dramédia de tirar o fôlego.

“Já ouvi pessoas dizerem em um tom que acho diminutivo: ‘Não é essa a história do Twitter?’”, diz Harris.

Era outubro de 2015, quando A’Ziah Wells King- Zola- então com 19 anos (interpretada por Taylour Paige no filme), escreveu mais de 140 tweets, contando a sobre uma viagem de Detroit para Tampa para dançar em clubes de strip com outra dançarina que ela acabara de conhecer chamada Jessica (renomeada Stefani no filme e interpretada por Riley Keough). Juntando-se a elas estava o namorado de Jéssica (Nicholas Braun) e um homem que viria a ser o cafetão de Jéssica (Domingo).

“No décimo quinto tweet, eu estava lá”, disse Harris. “Eu disse algo como,‘ A’Ziah é a maior escritora do nosso tempo! ’” Harris não estava sozinho em sua avaliação. “Drama, humor, ação, suspense, desenvolvimento de personagens. Ela pode escrever! ” tuitou a já renomada roteirista Ava DuVernay.

A internet batizou os tweets de #TheStory, e os fãs começaram a escolher o elenco dos seus sonhos para um longa-metragem. Os produtores apareceram rapidamente e, quando a poeira baixou, James Franco havia adquirido os direitos de dirigir e produzir, com a Killer Films de Christine Vachon e a Gigi Films também a bordo.

Janizca Bravo em entrevista para a Variety (Reprodução)

Bravo, que soube dos tweets de King por meio de um bate-papo em grupo com amigas, tentou entrar na disputa sozinha, pedindo a seu empresário e agente que buscasse os direitos. Mas ela não tinha dinheiro para competir. “Eu estava oferecendo artesanato”, brinca a diretora. “Você não pode comprar nada com artesanato.” E ela admite que nem mesmo seu currículo a tornava uma escolha óbvia.
Ainda assim, quando soube que Franco saiu do posto de direção em 2017 por causa de uma agenda lotada, ela pediu uma chance de uma entrevista, ligando para a Killer Films, que ajudou a garantir financiamento para a Lemon.

O diretor votou pela escolha do ainda desconhecido Harris, diretor da peça teatral Daddy ( que estreou em 2019). Nos quatro anos desde que escreveram Zola, Harris não só estreou na Broadway, como quebrou o recorde de mais indicações ao Tony por uma peça não musical.

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