Porque Dois Homens e Meio não sobreviveu à saída de Charlie Sheen?

Quatro últimas temporadas não obtiveram mesmo sucesso que as que contaram com o ator como protagonista

Dois Homens e Meio conquistou um bom público com sua comédia sombria ao acompanhar o rico criador de jingles Charlie (Charlie Sheen), seu irmão, Alan (Jon Cryer), e seu sobrinho, Jake (Angus T. Jones), mas a série perdeu a audiência após a substituição de seu protagonista.

Uma briga que começou com desacordo salarial entre o ator e o criador do programa, Chuck Lorre, acabou na demissão de Sheen após ele atacar publicamente Lorre no início de 2011, e na inclusão de Ashton Kutcher como substituto do protagonista.

Infelizmente a tentativa de continuar a série com um novo personagem principal foi totalmente falha, levando a sitcom a quatro terríveis temporadas até seu cancelamento.

A queda de audiência do programa tem uma simples explicação: Charlie Sheen era o que o fazia ser engraçado.

Charlie Sheen em Dois Homens e Meio (Reprodução)
Charlie Sheen em Dois Homens e Meio (Reprodução)

Dois Homens e Meio deu certo nas primeiras oito temporadas pela dinâmica de Charlie com os demais personagens, por pior que ele fosse com as mulheres com quem se relacionava, com seu irmão e sua mãe, ele se efetuou ao sobrinho e tentava do seu jeito ser um bom tio.

O fato dele ser uma pessoa terrível, que usava drogas e bebia indiscriminadamente, sem ver isso como um problema, assim como ser um conquistador barato, não impedia que ele fosse hilário ao ser totalmente sincero com todos à sua volta.

A entrada de Kutcher como o bilionário Walden Schmidt, que compra a casa de Charlie após ele morrer, fez a série perder o ritmo, pois ele chegou como um herói, para substituir um anti-herói.

O público gostava da personalidade de bad boy sarcástico de Charlie, que aprontava todas e sempre se safava e de repente, o viu substituído por um ricaço meio nerd e entediante, que sem explicação acolhe o irmão e sobrinho do falecido dono da casa que ele compra.

A dinâmica de Kutcher com os personagens que permaneceram no programa não funcionou nem de perto como funciona com Sheen.

Jon Cryer e Ashton Kutcher em cena de Dois Homens e Meio
Jon Cryer e Ashton Kutcher em cena de Dois Homens e Meio (Divulgação/CBS)

Não só Alan e Jake, como a mãe dos dois irmãos Evelyn (Holland Taylor) acabaram sendo apagados, perdendo a graça após a troca de protagonista.

A ligação parental entre os três personagens com Charlie era o que tornava a relação deles melhor, começando pelas brigas que tinha com Evelyn por ela ser uma narcisista incapaz de agir como uma mãe de verdade, a cada vez que ele humilhou Alan o chamando de sanguessuga e coisas do tipo.

Terminando pela maneira desdenhosa de Walden tratar Jake, que era o único com quem Charlie se importava de verdade e por quem ele tentava ser alguém melhor.

Não é uma questão de falta de talento de Ashton Kutcher ou muito talento de Charlie Sheen é só uma questão de a série ter sido feita em torno de seu protagonista e por isso a saída dele tenha se tornado algo impossível de resolver.

Dois Homens e Meio está disponível na HBO Max e Prime Video.

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