O filme A Viagem de Pedro não só mostra um lado mais humano de Dom Pedro I, como também coloca luz em personagens negros apagados da história, como Tigre, que teve sua construção fortemente influenciada pelo livro Na Minha Pele, de Lázaro Ramos.
Diretora e roteirista do longa, Laís Bodanzky falou sobre a produção em uma entrevista exclusiva com o E-Pipoca, e contou um pouco sobre como foi feita a pesquisa para colher informações históricas para o enredo.
“Eu tenho um livro específico, de um historiador, que é o Octávio Tarquínio de Sousa, que escreveu três volumes sobre a vida do Dom Pedro I, e o texto dele é muito correto, sua visão é muito respeitada pelos historiadores”.
Apesar de ter encontrado uma boa fonte na obra de Tarquínio de Sousa, a cineasta buscou encontrar algumas fontes mais atuais.
“Mas aquilo é um texto de 1920, então eu precisei buscar novos materiais, principalmente desses personagens que não estão ali. Mas hoje a gente tem acesso a muitos livros, tem muitos jornalistas e historiadores contando essa narrativa de um jeito romanceado”, ela acrescentou.
Com objetivo de destacar os personagens negros daquele período que foram deixados no esquecimento pela maioria dos autores, ela também fez uma pesquisa mais específica e direcionada.
“Mas tem dois livros que foram importantes, um que é de uma coleção chamada Achados e Perdidos da História (de Leandro Narloch), que fala sobre brasileiros que não são conhecidos na história, justamente porque eram escravizados, e o 1º volume é sobre a escravidão no Brasil, são narrativas, são documentos, que foram recolhidos em várias delegacias do Brasil daquela época. São depoimentos dos próprios, que estavam ali por alguma situação. E é muito interessante conhecer a história deles e alguns personagens do filme, eu me inspirei ali, como um início de uma construção (de personagem)”, ela contou.
Ela ressaltou a importância de seu protagonista, Cauã Reymond, e demais membros do elenco no momento de construção dos personagens.
“A participação do elenco inteiro, do próprio Cauã, fazendo Dom Pedro, de todo o elenco com os seus personagens, principalmente os personagens pretos. Hoje tem um movimento preto no Brasil, muito importante. Os atores pretos são muito atentos e politizados. E que narrativa está sendo contada através do cinema. Então ter eles junto, trazendo a temperatura, um olhar, que contribua de forma respeitosa ao movimento, foi fundamental”, ela garantiu.
Lais destacou que também foi fortemente influenciada por uma obra que não é histórica, mas foi fundamental para que ela conseguisse realizar uma construção correta dos personagens negros do filme, principalmente do interpretado por Calvin Denangowe.
“E tem um outro livro que foi muito importante para mim, Laís, que foi o livro do Lázaro Ramos, Na Minha Pele, que é um livro, um depoimento dele maravilhoso, um sentimento dele, que ele coloca no livro, que para mim foi muito importante para a construção do personagem do Tigre”, ela salientou.
Ela finalizou afirmando que o processo de construção do enredo e dos personagens foi extremamente colaborativo.
“Então foi uma mescla, informações do passado, de hoje, do elenco, e, claro, uma contribuição de muita gente que leu o roteiro e comentou, não só o roteiro, mas também a montagem. Enfim, foi um processo de muita contribuição”, ela concluiu.
A Viagem de Pedro está disponível em salas de cinema de todo país
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Gaúcha, formada em Jornalismo e Pedagogia, crocheteira,”mãe” da dog Katy, apaixonada por filmes e séries de gêneros variados e por escrever. Sou redatora do site E-Pipoca especialista em cultura pop, cinema, streaming e TV.
