Cidade de Deus: Birra com franceses tornou spin-off uma realidade

Fernando Meirelles admitiu que não tinha intenção de produzir qualquer tipo de continuação

Divulgado no início deste mês, o projeto de spin-off de Cidade de Deus nasceu de um momento de birra. O diretor do longa, Fernando Meirelles, confessou que decidiu produzir uma série continuando a história do filme após interesse de produtores franceses.

Famoso no mundo todo e reconhecido como uma das melhores produções cinematográficas brasileiras, o filme de 2002 deve ganhar uma série na HBO Max. O projeto de um spin-off está pronto, embora esperando a aprovação do streaming.

A notícia animadora para os fãs do longa, no entanto, só aconteceu porque os produtores brasileiros não quiseram deixar os franceses lucrarem com uma produção nacional.

Em uma recente entrevista para o site Tangerina, Meireles, que assumiu a função de líder da equipe de roteiristas do spin-off, contou sobre a birra.

“Na verdade, não fui eu que decidi revisitar esse universo, foi a Andrea [Barata Ribeiro, produtora], minha sócia. É que os franceses queriam comprar os direitos de Cidade de Deus, e ela não deixou”, ele revelou rindo.

Cena de Cidade de Deus
Cena de Cidade de Deus (Reprodução)

Ele prosseguiu contando que, por serem produtores do filme, eles tinham prioridade quanto aos direitos para futuras produções. Esse detalhe fez com que eles soubessem do interesse dos europeus.

“Produtores franceses procuraram a Disney [distribuidora do longa no mundo por meio da Miramax] para comprar os direitos e fazer uma série. Eles até queriam gravar no Brasil, mas era uma produtora francesa, com dinheiro europeu”.

“E aí os caras [da Disney] nos consultaram: ‘Olha, nós estamos negociando os direitos do filme com os franceses, mas vocês têm por contrato a opção de comprar primeiro. Interessa?’”, ele relembrou.

Alexandre Rodrigues em cena de Cidade de Deus
Alexandre Rodrigues em cena de Cidade de Deus (Reprodução)

Cidade de Deus não teria continuação

O cineasta admitiu que nunca pensou antes em dar continuidade a história de Cidade de Deus, mas foi convencido a fazê-lo para não permitir que os franceses o fizessem.

“A Andrea me falou: ‘Ah, não vamos deixar os franceses fazerem, né?’. E eu: ‘Mas nós não queremos fazer isso!’. ‘Não, queremos sim’. Falei: ‘Não queremos, Andrea, para com isso!’. Mas ela insistiu que queríamos sim, foi lá e comprou os direitos para fazer uma série. E ela montou também o pacote inteiro [de produção], do qual é claro que eu faço parte”, ele contou.

Spin-off inclusivo

Se a HBO Max aprovar o projeto criado por Andrea e Meirelles, os fãs vão ver Alexandre Rodrigues retornando ao papel de Buscapé.

Alexandre Rodrigues em cena de Cidade de Deus
Alexandre Rodrigues em cena de Cidade de Deus (Reprodução)

Quanto ao restante do elenco, não se sabe ainda se contará com mais rostos conhecidos, mas o líder dos roteiristas garantiu que a série será bem mais inclusiva que seu original.

“Vai ser um Cidade de Deus atualizado, no roteiro e na equipe. Na época do filme, não existia elenco negro formado nem um movimento como temos hoje. Então, se o longa falava sobre a carência, a série vai abordar a potência das comunidades”, ele prometeu.

O cineasta também revelou que a representatividade também está presente em sua sala de roteiristas. A equipe também traz pessoas que conhecem muito bem o local onde a produção é ambientada.

“O Sérgio Machado [de Madame Satã] está escrevendo os roteiros. Ele, na verdade, montou uma sala de roteiristas, com gente que inclusive é da Cidade de Deus, dois terços da sala são de pessoas negras, ligadas à comunidade e que têm experiência com audiovisual. E o Aly Muritiba [de Deserto Particular] vai dirigir, é um cara que já fez outras coisas na O2 Filmes e virou um parceiro” acrescentou Meirelles.

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