E não deu de novo para o Brasil, Marte Umnão conseguiu ficar entre os pré-selecionados a uma indicação na categoria de Melhor Filme Internacional do Oscar 2023.
O diretor do longa, Gabriel Martins comentou o corte, admitindo que está com a sensação de dever cumprido. O representante brasileiro concorreu com produções de outros 91 países, para tentar conquistar uma das cinco vagas de indicados, mas não conseguiu passar da pré-seleção.
Assim que soube que Marte Um não era um dos nomes na lista dos 15 pré-selecionados, Gabriel Martins publicou um longo discurso na conta de Instagram de sua produtora, Filmes de Plástico.
No texto ele destacou o peso sentido por ser o responsável pela chance do Brasil de quebrar um jejum de 25 anos sem indicações ao Oscar, mesmo com produções de qualidade.
“A ideia de que precisávamos de um Oscar nunca pareceu mesmo fazer sentido, pois estamos seguindo firmes e fortes, mesmo com o desmonte, com crises e com mudanças de uma indústria que não se vê partidária da independência”, ele opinou.
Ele admitiu que assim como o resto do país, ele e sua equipe queriam muito a chance de ganhar um Oscar, como uma validação de seu trabalho. No entanto conseguir isso depende de uma campanha muito mais política do que promocional.
“Com o senso de responsabilidade de tentarmos quebrar esse jejum, nos aventuramos a fazer campanha, levar o filme para lugares que não o conheciam, pessoas que pudessem ver nele a esperança de um cinema de periferia, de personagens pretos, de gente com sentimento e legitimidade afetiva”, ele contou.
Dever cumprido
Gabriel ressaltou que não ler o nome de seu filme na lista das produções que ainda podem ser indicadas ao Oscar não é visto por ele como uma derrota.
“Podemos dizer que chegamos nessa linha final um pouco precoce com sensação de dever cumprido. Talvez não o ‘dever’ do Oscar, da indicação, do jejum quebrado”.
“Mas sim um dever de representarmos o cinema do nosso país, estes artistas diversos e muitos, que se uniram ao redor de Marte Um, com a esperança de um futuro melhor para a nossa arte”, ele salientou.
Ele descreveu um pouco da experiência da campanha. Embora tenha sido cansativa, ele garante que foi recompensadora, por saberem que o filme emocionou pessoas de diferentes países, valorizando o cinema brasileiro.
“De algum modo, nos sentimos como o Wellington (personagem do filme), dando o nosso jeito, que mesmo que não tenha concretizado aquele sonho que parecia impossível, ajuda na caminhada para que um dia possamos chegar lá”, ele disse, concluindo o texto agradecendo a todos que ajudaram na campanha e torceram por Marte Um.
Que nem na copa
A lista de pré-selecionados divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas trouxe também uma grande ironia, que pode até virar meme.
O único país latino a seguir na disputa por uma indicação foi a Argentina. Ou seja, depois de bater o Brasil na Copa do Mundo, os argentinos eliminaram os brasileiros de mais uma competição.
Marte Um está em cartaz nos cinemas.
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Gaúcha, formada em Jornalismo e Pedagogia, crocheteira,”mãe” da dog Katy, apaixonada por filmes e séries de gêneros variados e por escrever. Sou redatora do site E-Pipoca especialista em cultura pop, cinema, streaming e TV.
