CRÍTICA: Blonde desrespeita ícone com enredo tedioso e deprimente

Aguardado drama sobre Marilyn Monroe se tornou uma imensa decepção

Quando se anunciou que um novo filme sobre a vida de Marilyn Monroe seria feito, as pessoas ficaram animadas com a ideia, provavelmente imaginando que uma percepção atual da história da icônica atriz seria bastante interessante.

Então Elvis chegou alguns meses antes trazendo um olhar diferente da história de Elvis Presley, de uma maneira que conquistou o público, tornando a longa espera por Blonde ainda mais ansiosa, e as expectativas ainda maiores.

Nem mesmo quando o longa recebeu uma classificação 18 (apenas para maiores de 18 anos) e o diretor Andrew Dominik anunciou que provavelmente sua obra ofenderia muitas pessoas, os espectadores cogitaram a ideia de que o filme poderia ser menos que a obra prima que o cineasta prometia.

Ana de Armas sentada em um sofa olhando para cima com o rosto apoiado na mãoem cena de Blonde
Ana de Armas em cena de Blonde (Reprodução Youtube)

Toda expectativa e longa espera, no entanto, acabaram resultando em uma imensa frustração quando o público assistiu ao filme depois de sua estreia na última semana.

Blonde é longo, tedioso e extremamente desrespeitoso com Marilyn Monroe, ao mostrar a atriz como uma mulher carente, desesperada para encontrar um pai que nunca a quis e totalmente desequilibrada mental e emocionalmente.

O filme cria uma infância ainda pior do que a atriz teve, inventando que a mãe mentalmente perturbada não só a colocava em perigo, como também teria tentado matá-la, formando a partir daí a ideia de que Marilyn teria ficado desequilibrada devido esses traumas e o medo de enlouquecer como a mãe.

Ana de Armas como Marilyn Monroe em Blonde (Reprodução)
Ana de Armas como Marilyn Monroe em Blonde (Reprodução)

Ataca o talento dela, mostrando-a sendo estuprada no teste para seu primeiro filme em silêncio, sem tentar resistir ou se defender, como se ela só pudesse ter se tornado uma estrela por permitir que abusassem dela.

Inclusive induz a acreditar que ela possa de certa maneira apreciar ser abusada, com uma fala dela dizendo que ama o homem que acaba de estuprá-la.

O filme também a retrata como uma mulher dependente de homens e sexo, criando um caso de poliamor com Charles Chaplin Jr. e Edward Robinson Jr. e a mostrando como uma esposa submissa, carente e obediente a seus maridos Joe DiMaggio e Arthur Miller.

Xavier Samuel como Charles Chaplin Jr., Ana de Armas como Marilyn Monroe e Evan Williams como Edward G. Robinson Jr. abraçados em cena de Blonde
Charles Chaplin Jr. (Xavier Samuel), Marilyn Monroe (Ana de Armas) e Edward G. Robinson Jr. (Evan Williams) em cena de Blonde (Divulgação Netflix)

Ironiza o direito de uma mulher poder escolher o que fazer quando engravida, a colocando em mais de uma situação de aborto contra sua vontade.

Além de culpá-la pelos abortos, simulando uma alucinação em que o feto que ela espera a indaga se ela vai matá-lo de novo, apenas alguns momentos antes de ela ter uma grande queda onde perde o bebê, como se fosse um castigo.

Tudo isso paralelo a grande obsessão dela com seu pai, que nunca conheceu, por ele nem querer que ela tivesse nascido, mas que ela não cansa de ter esperanças de que apareça em sua vida e a ame como um pai deve amar uma filha.

Bobby Cannavale como Joe DiMaggio e Ana de Armas como Marilyn Monroe sentados na beira de uma janela de frente uma para o outro com ela olhando para ele e ele desviando o olharem cena de Blonde
Bobby Cannavale como Joe DiMaggio e Ana de Armas como Marilyn Monroe em cena de Blonde (Divulgação Netflix)

Não bastando o enredo péssimo, depreciativo, machista e degradante, Blonde todo segue em um ritmo entediante, sem surpresas ou grande reviravoltas, com uma única tentativa de revés no fim de suas quase três horas, que nem surpreende muito.

Para não dizer que o filme é um total fracasso, há de se reconhecer que Ana de Armas fez um belíssimo trabalho ao dar vida a Marilyn Monroe, se o roteiro não fosse tão ruim, ela poderia salvar o filme.

Blonde tem grandes chances de se tornar o maior arrependimento da Netflix, além do filme que as pessoas vão citar quando perguntadas qual produção se arrependeram de assistir.

Ana de Armas como Marilyn Monroe e Adrien Brody como Arthur Miller de pé um diante o outro se encarando em cena de Blonde
Ana de Armas como Marilyn Monroe e Adrien Brody como Arthur Miller em cena de Blonde (Divulgação Netflix)

E nosso veredicto de Balde de Pipoca foi:

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