Novo filme nacional vai mostrar ao mundo desigualdade social do Brasil: “Bomba-relógio”

Filme mostra como o Brasil se tornou uma bomba-relógio que pode estourar a qualquer momento

O único filme brasileiro que será exibido no Festival de Cinema de Berlin 2023, Propriedade mostra um conflito fictício que escancara a desigualdade do país.

Daniel Bandeira, diretor da produção, conversou com a revista Variety sobre o filme, que dramatiza o conflito de classes sociais existentes no país através de um suspense de roer as unhas.

“O Brasil é uma bomba-relógio. Nós estamos indo em direção a um ponto onde essa bomba vai acabar explodindo. Está chegando um acerto de contas”, descreveu o cineasta.

Propriedade gira em torno de Tereza (Malu Galli), uma dona de fazenda. Ela precisa se refugiar em seu carro blindado depois que os funcionários do lugar decidem ocupá-lo à força. De acordo com Daniel, as primeiras versões do roteiro mostravam só o lado da protagonista, mas que mudou tudo ao refletir sobre os temais centrais do filme:

“Com a luta de classes aqui no Brasil na última década, parecia insensível só considerar a vida da pessoa dentro do carro. Eu precisava saber quem estava do lado de fora. Quem são eles? Quais são suas necessidades, medos e passado?”

Malu Galli como Tereza em Propriedade (Reprodução)
Malu Galli como Tereza em Propriedade (Reprodução)

Apesar de mostrar um conflito bem pessoal personificado por Tereza, o filme também deixa bem claro os motivos pelos quais os ‘antagonistas’ estão fazendo o que fazem. Um passado que não é corrigido se repete de diversas formas, e mostra como o país nunca resolveu seus maiores problemas sociais:

“A História brasileira é uma história de fantasmas. […] A violência no Brasil de de muitos e muitos anos, séculos, provavelmente, de opressão e desigualdade. Nós tendemos a simpatizar com a Tereza porque durante o filme, testemunhamos um ato de violência com o qual as pessoas se identificam. Mas se você olhar o contexto todo, você vê que é muito maior que aquilo.”

Propriedade é um retrato feio mas atual da sociedade brasileira, afirma diretor

Emblematicamente, Daniel contou que as gravações de Propriedade terminaram no dia das eleições de 2018, que acabou colocando o ex-presidente no poder. A jornada de produção do filme, disse, representa bem a situação pela qual o Brasil passou nos últimos quatro anos, tristes para a arte e para a cultura:

“Era um filme que lidava com problemas históricos sérios, e estávamos vivendo aquela história naquele momento. Eu acho que o filme está recheado da história atual”, explicou o cineasta.

Cena do trailer de Propriedade (Reprodução)
Cena do trailer de Propriedade (Reprodução)

“A presidência dele tentou sufocar de verdade não só o cinema, mas todas as formas de arte e cultura nos últimos quatro anos. […] Desde a eleição do Lula, nós temos recebido sinais positivos de que seremos novamente valorizados. O Brasil estava bem fechado durante o mandato dele, agora estamos ansiosos para conversar com o resto do mundo.”

Confira o trailer:

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Por enquanto, Propriedade ainda não tem data de estreia confirmada nos cinemas no Brasil.

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