Funcionários da Disney estão furiosos com carta de presidente em apoio a comunidade LGBTQIA+

Bob Chapek, CEO da Disney enviou para todos os funcionários, um e-mail falando que a empresa apoia os direitos dos LGBTQIA+, depois de a companhia se calar em relação a um projeto de lei que pode impedir que a palavra ‘gay’ seja dita, e a identidade de gênero discutida nas escolas da Flórida. O problema é que a atitude do executivo pegou muito mal entre os colaboradores.

Logo, os funcionários da Disney foram até as redes sociais manifestar seu repúdio, sobretudo porque segundo eles, a Disney é uma das patrocinadoras de campanhas de políticos que foram a favor do projeto de lei.

Um destes funcionários é o animador Benjamin Siemon, que gravou um vídeo, publicado no Twitter, demonstrando seu descontentamento.

“[A Disney está] começando a incluir mais personagens LGBT que fazem as crianças saberem que ser gay é bom. Mas eles doaram para os patrocinadores e co-patrocinadores do projeto de lei Don’t Say Gay e não fizeram nenhuma oposição ao projeto, e vão continuar doando para esses políticos, com isso, eles estão essencialmente dizendo que esse projeto de lei está tudo bem”, começou ele. “Esta lei vai prejudicar as crianças, e é por isso que estou pedindo à Disney que, por favor, tome uma posição sobre a lei Don’t Say Gay e diga que é errado e diga que você vai parar de doar para os políticos que votarem nisso.”

Mais tarde, Siemon twittou : “Ainda não consigo descrever quanta dor a comunidade de funcionários LGBTQIA+ da Disney está sentindo hoje. Estamos devastados.” O projeto foi aprovado pelos deputados da Flórida em 24 de fevereiro.

O maior defensor do projeto é o republicano Dennis Baxley, conhecido por apoiar fervorosamente legislações anti-gays por muitos anos, inclusive tentando levar à frente leis que impediriam casais homoafetivos de adotarem crianças. Anteriormente a Disney financiou as campanhas políticas de Baxley.

Na carta que Bob Chapek enviou a toda a companhia, ele diz que o silêncio da empresa não quer dizer que ela não esteja se posicionando, e ressaltou que acredita em seu próprio conteúdo como forma de mudança. No meio do documento, ele passa a citar todas as produções produzidas, e/ ou  veiculadas pela Disney e suas empresas, que têm como foco personagens LGBTQIA+.

Chapek também reconheceu que houve “decepção” com o fato de a Disney esperar para divulgar uma “declaração pública condenando a legislação”.

“Essa decepção foi agravada pelo fato de que, embora não seja perfeita, nossa empresa tem uma longa história de apoio à comunidade LGBTQ+ e, de fato, desempenhou um papel importante nas jornadas pessoais de muitos de nossos funcionários”, escreveu Chapek, citando que em 2021, a corporação forneceu quase US$ 3 milhões para apoiar o trabalho de organizações LGBTIQIA+ e obteve uma classificação de 100% da Campanha de Direitos Humanos por 16 anos consecutivos.

Revolta dos funcionários

“Eu sou gay! Eu trabalho para a animação da Disney! A Disney precisa apoiar as pessoas que fazem o conteúdo E as famílias para as quais os estamos fazendo! O silêncio é inaceitável” escreveu o designer técnico Cameron Black.

Lilan Bowden, de Andy Mack escreveu: “ADOREI fazer parte de um programa do Disney Channel conhecido por apresentar personagens gays e histórias. O projeto de lei Don’t Say Gay será prejudicial para crianças LGBTQIA+. Estou com [Siemon], esperando que a empresa ou mais pessoas na empresa tomem medidas contra esse projeto de lei odioso. #DisneySayGay.”

Drew Z. Greenberg, roteirista de Agents of SHIELD, também escreveu no Twitter: “Sou um grande fã da Disney, como está bem documentado neste site. Até eu digo que esta afirmação é fraca.”

O diretor do desenho Molly McGee e o Fantasma, Sam King, escreveu: “É tão frustrante que nós, funcionários LGBT da Disney, tenhamos que falar sobre existir e querer que outras pessoas em nossa comunidade estejam seguras, com medo de nossos meios de subsistência. Se a empresa é tão dedicada à inclusão, por que está defendendo a segurança da juventude LGBT, em desacordo com isso.”

O roteirista do mesmo desenho animado, Sammie Crowley também se posicionou: “Como um colega escritor LGBT da Disney, isso tem sido tão frustrante e desanimador#DisneySayGay– você não pode dizer que apoia as pessoas LGBT+ e depois financiar os políticos que promovem um projeto de lei que os coloca em perigo.”

Os funcionários da Disney estão se manifestando a partir desta terça-feira (08), até a sexta-feira (11).

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