Dahmer: Qual a verdade sobre Tony Hughes?

Parentes e amigos de vítima do canibal de Milwaukee afirmam que série é imprecisa e ofensiva

Desde que chegou à Netflix, há cerca de um mês, Dahmer: Um Canibal Americano tem dado o que falar, não só pelo fato de a série retratar acontecimentos reais bizarros, mas também por ser acusada de ser imprecisa e romantizar a história dos brutais assassinatos.

Uma das imprecisões que tem sido bastante apontada diz respeito à relação do assassino com uma de suas vítimas, mais precisamente sua 12ª vítima, o afro-americano com deficiência auditiva, Tony Hughes.

Acontece que a série mostra Jeffrey Dahmer e Hughes tendo um relacionamento amigável e até romântico antes de ele ter o mesmo fim das demais vítimas: ser drogado, morto e ter partes do seu corpo guardadas como um souvenir.

A história entre os dois é bastante confusa, pois o assassino alegou em sua confissão que o jovem foi apenas mais uma de suas tantas vítimas, que ele conheceu em um bar gay, atraiu para seu apartamento e matou após drogar.

Rodney Burford e Evan Peters em cena de Dahmer Um Canibal Americano
Tony Hughes (Rodney Burford) e Jeffrey Dahmer (Evan Peters) em cena de Dahmer: Um Canibal Americano (Reprodução Netflix)

Já amigos de Hughes, afirmam que viram ele em companhia de Dahmer anteriormente, enquanto a mãe da vítima, Shirley Hughes, garante que a versão retratada pela série não condiz com o que aconteceu na vida real, apesar de não dar a sua versão dos fatos.

Shirley foi uma entre muitos familiares de vítimas do canibal de Milwaukee a criticar o programa, não só por sua imprecisão, mas por estar lucrando com a história, fazendo pessoas como ela reviverem o pesadelo que viveram há 30 anos.

“Não vejo como eles podem fazer isso. Não vejo como eles podem usar nossos nomes e colocar coisas assim lá fora”, ela desabafou em uma entrevista, destacando que a maneira como o assassino foi romantizado na relação com o filho é extremamente ofensiva.

Rodney Burford e Evan Peters em cena de Dahmer Um Canibal Americano
Tony Hughes (Rodney Burford) e Jeffrey Dahmer (Evan Peters) em cena de Dahmer Um Canibal Americano (Reprodução Netflix)

Figura importante no julgamento

Shirley Hughes é uma das pessoas apontadas como figura importante no julgamento e condenação de Jeffrey Dahmer, por muitas pessoas considerarem que o depoimento dela, onde ela leu um poema comovente, retratando os momentos finais de seu filho, possa ter impactado a decisão do júri.

O poema, escrito por um amigo da família, descreve os últimos momento de Tony por seus olhos, segundo a perspectiva das pessoas que o amavam e o conheciam tão bem.

“Por que sou vítima em um mundo cruel e terrível? Embora eu não possa me comunicar com a voz, me escute de qualquer maneira, tente ouvir a misericórdia em minha boca, olhe para as lágrimas que rolam em meu rosto, veja que cada uma é um grito para curar e perceber, eu vou mostrar a você que eu queria viver. Me diga exatamente o que eu fiz para você agir como um monstro, um maníaco, um diabo. Oh meu Deus, quem é você? O que é você? Aqui você nunca mostrou esse seu lado. Eu confiei em você, eu pensei que você era meu amigo até o fim, e eu não conhecia você como eu pensava. Eu nunca senti que o final seria desta maneira. Há alguém que poderia me ajudar? Mãe, pai, irmãs, irmãos, alguém por favor me ajuda? O que aconteceu comigo? Tudo parece estar ficando lento, estou confuso, estou indo… Minha coordenação foi contaminada… Meu amigo o que é que você está fazendo comigo?”

Shirley Hughes no julgamento de Jefrey Dahmer
Shirley Hughes no julgamento de Jefrey Dahmer (Reprodução Youtube)

“Eu estou impotente e é muito tarde… Eu não posso lutar com você de volta? E o coração está lutando fortemente pela minha vida, para manter meus olhos abertos pela esperança que vejo num novo dia… Sim, você tem total controle sobre mim, minha vida está nas mãos de um amigo de outrora, mas agora um estranho que se tornou meu pior pesadelo. Mas um dia eu sei que você vai ser pego. Lembre-se que o que é feito no escuro, vem à tona e o mundo inteiro vai saber a pessoa horrorosa que você realmente é. Mamãe eu me fui, a minha esperança, minha respiração, meu querer viver… isso tudo foi tirado de mim. Eu sei o peso que você arrasta em seu coração dia e noite por causa disso. Mas não estou longe. Quando você sentir frio eu vou colocar meus braços em torno de você para te aquecer. Se você ficar triste eu vou suavemente pegar seu coração e enchê-lo de alegria! Dois dedos significam: eu te amo na linguagem de sinais, e eu sou surdo. Quando você chorar, tome uma lágrima e coloque-a no vento… Dois dedos… Eu te amo mãe.”

Dahmer: Um Canibal Americano está disponível na Netflix.

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