CRÍTICA: Lima Barreto ao Terceiro Dia desnuda fim da vida do autor

Longa traz uma narrativa ficcional interessante e triste de três dos últimos dias da vida do escritor

Diferente do esperado de um filme que tem como personagem principal uma pessoa que realmente existiu, Lima Barreto ao Terceiro Dia não se propõe exatamente a contar a vida do jornalista e escritor ou parte dela, mas trabalha um período de apenas três dias de uma maneira ficcional.

Inspirada na peça de mesmo nome de Luís Alberto de Abreu, o filme mostra três dias da última internação psiquiátrica de Lima Barreto, e trata com liberdade criativa as alucinações que ele tinha, o colocado em contato com seu eu de 30 anos e os personagens de seu livro mais conhecido, O Triste Fim de Policarpo Quaresma.

Sidney Santiago como a versão jovem de Lima Barreto em cena de Lima Barreto ao Terceiro Dia
Sidney Santiago como a versão jovem de Lima Barreto em cena de Lima Barreto ao Terceiro Dia (Divulgação Globo Filmes)

As cenas misturam “realidade”, com uma viagem ao passado e a ficção, com o escritor revisitando a época em que escreveu o romance, e ao mesmo tempo dando vida a Policarpo, sua irmã, Adelaide, a jovem Ismênia e seus pais, Maricota e General Albernaz, além do empregado de Policarpo, Felizardo.

O longa faz um profundo mergulho na cabeça doente de Lima Barreto, sugerindo que no fim de sua vida o escritor não estava apenas mentalmente debilitado, mas extremamente infeliz, insatisfeito e até revoltado com sua vida.

Enquanto tenta lidar com sua atual situação, internado em um hospício, tendo que conviver com um colega de quarto doente mental carente, que não fala nada que faça algum sentido, e com um médico que tenta tratar uma doença que ele não acredita ter, Lima Barreto não só relembra seu passado, mas interage com seu eu mais jovem.

Orã Figueiredo como Policarpo Quaresma em cena de Lima Barreto ao Terceiro Dia
Orã Figueiredo como Policarpo Quaresma em cena de Lima Barreto ao Terceiro Dia (Divulgação Globo Filmes)

O escritor vê sua versão de 30 anos e seus personagens e os confronta levando a eles toda dor, falta de esperança e frustração que tomou sua vida, os culpando de seu triste fim de escritor não reconhecido e taxado como louco.

O filme é uma visão bastante interessante de três dos últimos dias de vida do escritor, e deixa um quê de tristeza ao narrar seu sofrimento, já que ele passou sua vida buscando por uma aprovação da alta elite da literatura brasileira e um reconhecimento que só conquistou após sua morte.

Lima Barreto ao Terceiro Dia já está disponível em cinemas de todo país.

E nosso veredicto de Balde de Pipoca foi:

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