COVID-19 mudou completamente filme de Bradley Cooper e Guillermo Del Toro

Atualmente trabalhando na produção de Nightmare Alley, uma adaptação do livro homônimo de William Lindsay Gresham, Guillermo Del Toro e Bradley Cooper participaram recentemente do podcast Tribeca Talks, onde contaram como a pandemia do Coronavírus os aproximou e melhorou seu olhar artístico.

Ambos começara a conversa revelando que a decisão de interromper as filmagens de Nightmare Alley em 10 de março de 2020 foi uma decisão em que eles concordaram.

“Estávamos ambos preocupados. Parar não era obrigatório naquela época, mas ambos sentíamos que se não parássemos e alguém ficasse doente… dissemos: temos que parar. Ninguém esperava por isso. Todos foram almoçar e voltaram seis meses depois” lembrou Del Toro.

O cineasta revelou que durante a longa pausa ele desenvolveu um novo olhar artístico em relação ao filme, que lhe permitiu que editasse um terço do que já tinha sido feito e percebe-se tudo que precisaria mudar quando retornasse as filmagens.

O ator destacou que além da mudança de percepção artística eles acabaram se aproximando e se tornando grandes amigos.

“Temos feito Nightmare Alley nos últimos dois anos e meio. Foi uma experiência única, passar pela pandemia, tirar seis meses de folga e revisitar. Não apenas nos tornamos amigos para a vida toda, mas foi uma experiência artística”, disse Cooper.

Os dois confidenciaram que a pandemia e tudo que estava acontecendo no mundo devido o Covid -19 fez com que eles mudassem a abordagem do projeto, coisa que eles nem imaginavam quando o diretor foi a casa do ator conversar sobre a produção.

“Nunca imaginei que seria tão profundo quanto se tornou. Começamos a falar de roteiro e isso começou a espelhar nossos pensamentos sobre a vida e a maneira como enxergávamos o mundo. Entramos em tempos estranhos e sombrios que levaram ao Nightmare Alley para mim, e mudou a maneira como vejo o mundo”, admitiu Del Toro.

Guilhermo Del Toro (Reprodução)

O cineasta continuou explicando a grande conexão que criou com sua estrela

“Um diretor é um ator e um ator é um diretor. Não há separação do ofício … isso demorou um pouco para eu me acostumar. Normalmente crio e oriento esses pequenos ovos Fabergé de filmes, obsessivamente detalhados. De repente, estávamos em uma aventura. Eu nunca vou fazer um filme da mesma maneira”, ele afirmou.

Eles disseram que um dos motivos de terem se dado tão bem é que ambos tem a mesma visão, de perseguir a verdade enquanto filmam.

“Curiosidade e integridade são as duas coisas, eles estão muito ligados. Somos como caçadores de trufas, farejando isso, procurando certa verdade, não verossimilhança ou realismo, mas a verdade que é uma forma superior de contar uma história. Como chegamos a isso é apenas por curiosidade. Quando temos colaboradores, a principal recompensa é um ponto de vista que você pode literalmente rebater, ou ser rebatido, e buscar a verdade … Achei uma bênção aos 56 anos neste filme encontrar a maravilha da cumplicidade e da curiosidade. Isso é tudo que podemos fazer com aquela cena, com aquela tomada? Você continua procurando”, salientou Del Toro.

Cooper revelou que o tempo inteiro o filme acabou sendo feito fora de ordem e admite que tem uma parcela de culpa na desordem.

“Filmamos a segunda metade antes da primeira. Não queríamos fazer assim. As coisas aconteceram conosco, com os sets e a disponibilidade de outros atores e água, a neve e tudo mais. Eu fui a causa. Eu me mudei para Nova York e disse: Não posso fazer isso agora. Deixe-me me instalar”, ele ressaltou.

O diretor disse que considera que tudo que aconteceu acabou deixando a produção melhor do que era inicialmente.

“Foi uma bênção. Eu acredito de todo o coração que a vida lhe dá o que você precisa, não o que você quer. Você tem uma janela para ver tudo. Foi incrível. Nós tivemos que ver esses personagens, quando Stanton Carlisle de Cooper estava cheio de si mesmo e arrogante e certo e questionador. Fomos capazes de voltar seis meses entre tudo isso e fomos capazes de analisar e ver não apenas aquele personagem, mas o que precisávamos reescrever para poder voltar ao set. Se seus poros estiverem abertos, o filme o encontrará. Cada filme mostra o que é necessário”, ele afirmou.

O ator, por sua vez, concordou com a fala de Del Toro.

“Este filme precisava desse rigor. Graças a Deus tivemos esse tempo. Por mais simples que seja uma história, ela exigiu toda a nossa concentração e foco, o tempo todo. Acho que não percebemos o quanto isso exigiu de nós no início. Essa foi a descoberta. Existe arrogância. Você acha que pode fazer isso, então, como isso é possível?”, ele disse.

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