Salma Hayek abre o jogo e compartilha sua experiência com Harvey Weinstein nos sets de filmagem de Frida, em que interpretou o papel-título. O que ela conta deixa um total de zero pessoas chocadas: ele era desagradável e abusivo.
Em entrevista com o The Guardian, a atriz de 55 anos revela que o produtor fazia bullying com ela, mais do que assédio sexual. Não que o segundo não tenha acontecido: entre ofertas de massagem e pedidos de sexo oral, as negativas de Salma enfureciam Harvey.
A atriz também conta que, em certo momento, a forma como ele era propositalmente desagradável e descolado da realidade a fez normalizar a situação como forma de lidar com ela.
Ela então lembra que o produtor implicava com as sobrancelhas grossas dela. Em um set de um filme sobre Frida Kahlo. A atriz achou a situação mais engraçada e absurda do que ofensiva, na ocasião: ele não sabia quem Frida era?
“E eu me sentia ok de verdade [quando ele cometia bullying comigo]. OK, eu ficaria tremendo [depois do acontecido] e me deixava meio deprê, mas tinha um aspecto que era completamente cartunesco sobre o negócio todo. Quando ele me ligava [durante as gravações do filme Frida] ele gritava, ‘Por que você tem uma monocelha e um bigode? Eu não te contratei para você parecer feia!’, e eu ficava tipo, ‘Mas você já viu alguma vez na vida uma fotografia da Frida Kahlo?’ Se um cara estivesse interpretando o Cyrano de Bergerac, ele não diria, ‘O que tem de errado com o seu nariz?'”
Produtor recebeu sentença de 23 anos por abuso sexual
Para quem não sabe, Weinstein esteve envolvido em um escândalo por inúmeras acusações de abuso sexual. Uma lista de mais de cem alegações de abuso sexual por parte dele foram divulgadas e ele acabou sendo demitido de sua empresa e expulso da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.
Graças às corajosas artistas que se levantaram contra o abusador, entre elas grandes nomes na indústria como Hayek, Cate Blanchett, Angelina Jolie, Madonna, Rose McGowan, Lupira Nyong’O e Uma Thurman, nasceu o movimento #MeToo em 2017.
Em fevereiro de 2020, Weinstein foi declarado culpado de estupro em terceiro grau e atos sexuais criminosos em primeiro grau. Um mês depois, ele receberia a sua sentença: 23 anos de prisão. Ele ficaria em um instituto correcional no estado de Nova Iorque.
Em 2021, as acusações ao produtor já se acumulavam em mais de onze novos casos diferentes de abuso e coerção sexual. Em julho deste ano, Harvey foi extraditado para a Califórnia para enfrentar novas acusações.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.
