A Viagem de Pedro destaca personagens negros apagados na história

Escolha de momento a ser retratado no filme foi influenciada por desejo de trazer personagens a luz

A vida de Dom Pedro I já foi retratada nas telas inúmeras vezes, sempre cobrindo sua vida no Brasil e focando em suas relações mais próximas e mais renomadas, e foi em busca de mudar essa perspectiva que Lais Bodanzky escolheu o foco de A Viagem de Pedro.

O filme, roteirizado e dirigido por Bodanzky, acompanha o ex-imperador do Brasil durante seu retorno de navio a Portugal, quando ele atravessou o Atlântico para retomar seu trono roubado pelo irmão.

Durante uma entrevista exclusiva com o E-Pipoca, a cineasta explicou o que a levou a escolher esse momento específico da vida de Dom Pedro I para retratar.

“Foi muito difícil escolher que trecho da vida dele contar, porque Dom Pedro é muito conhecido aqui, até o momento que ele vai embora. E em Portugal, ele também é muito conhecido, mas só a partir do momento que ele chega em Portugal. Só que logo depois ele morre”.

“É como se fossem duas pessoas totalmente diferentes. Até porque tem nomes diferentes. Aqui ele é o nosso Dom Pedro I, e lá (em Portugal) ele é o Dom Pedro IV”.

Cena de A Viagem de Pedro (Reprodução Youtube)

“O filme é uma coprodução Brasil-Portugal, e eu achei que era importante dar conta dos dois países, dessas duas personas dele”.

“E eu não sabia que recorte fazer, até que eu percebi que essa viagem que ele parte do Brasil, que nós conhecemos pouco, ele se preparando para a guerra contra o irmão, seria interessante para nós, brasileiros e para os portugueses também.”, ela contou.

Lais destacou que ela não queria retratar o ex-regente do Brasil como todas as produções anteriores mostraram, ela queria mostrar que ele era apenas um ser humano.

“Então, quando ele chega aqui, ele vem com este passado, e ao mesmo tempo, a própria travessia do Atlântico. É uma travessia simbólica, atravessar o Atlântico, inclusive para Dom Pedro, pois ele sabia que provavelmente nunca mais voltaria”.

“E ficar dois meses no Atlântico, em um momento que ele estava fragilizado, era um bom momento de se aproximar desse personagem de uma forma mais humana, pois quando uma pessoa está fragilizada, ela deixa a mente dela aberta, os demônios aparecerem, as culpas aparecerem. Achei que era um bom momento, esse limbo entre dois mundos”, ela salientou.

Cena de A Viagem de Pedro (Reprodução Youtube)

Por fim ela ressaltou que achou que a viagem do navio lhe daria oportunidade de trazer a luz tanto personagens ignorados pela história, em especial ao negros.

“É e ao mesmo tempo, os outros personagens do filme, cada um está fazendo a sua própria travessia, então foi uma forma de dar espaço para que aparecessem novos personagens, principalmente os personagens pretos, que não estão normalmente na narrativa, quando a gente fala de personagens heróicos da nossa história, mas que representava o povo brasileiro”, ela concluiu.

A Viagem de Pedro está disponível nos cinemas de todo país.

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