Um daqueles filmes que são tão ruins que chegam a se tornar ótimos por causa disso é O Sacrifício.
Obra de Neil LaBute, que dirigiu e roteirizou o remake de 2006 do clássico, a produção é lembrada por seu roteiro confuso, péssima atuação de Nicolas Cage e uma desfiguração do material original.
Comparado com a versão original de 1973, que é considerado um real clássico cult, a qualidade da atração baixa ainda mais.
Ambos são baseados no livro O Ritual, de David Pinner, publicado em 1967. Entretanto, mesmo que os dois projetos contem a história de um policial investigando o desaparecimento de uma garota em uma ilha cheia de pagãos, o que foi feito com a história separa as duas obras.
Por que o remake de O Sacrifício falhou onde o original acertou?
LaBute fez alterações no enredo original.

O Sacrifício de 1973 tem uma atmosfera muito brilhante, semelhante à usada em Midsommar, de Ari Aster. Já no remake, a escolha foi de um ambiente sombrio que não deixa dúvidas desde o início que há algo de errado com aquela comunidade.
A parte que mais diferencia os dois filme é a forma como a estrutura da população se organiza; no original, um formato igualitário. No remake, os homens são apenas cidadãos de segunda classe que servem apenas para reprodução e têm sua língua cortada para que não falem. Enquanto isso, as mulheres são o centro da comunidade, em uma visão misógina do que uma sociedade matriarcal seria.

Outra mudança também acaba com todo o sentido do grande final do filme, quando o personagem de Nicolas Cage é colocado dentro de um homem de palha gigantesco que é incendiado.
No original, o ritual era feito como padres de religiões pagãs que faziam seus sacrifícios. Já a sociedade das mulheres, baseada na hierarquia das abelhas, não teria por que fazer isso.
Mesmo assim, ainda vale a pena conferir o filme, nem que seja para vê-lo de forma crítica.
No momento, O Sacrífício não está disponível em streamings no Brasil, e só pode ser assistido através de cópias físicas em DVD/Blu-Ray.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.