Depois de tantos memes e tanta discussão sobre M3GAN, uma dúvida que pairava sobre o filme era fundamental: ele funciona como um filme de terror?
Em suma, sim e não: tudo depende das expectativas do espectador e o que ele considera para chamar uma produção do gênero de divertida. A resposta simples é: sim, porém você precisa abraçar o tom do filme e encará-lo como ele pede: sem seriedade.
A primeira cena já estabelece o tom do enredo de maneira exemplar. Está claro que esse não é aquele tipo de filme de terror que você escolhe para ficar completamente horrorizado. Em vez disso, ele aposta num senso de humor sardônico que nunca dá a impressão de estar forçando demais a barra, e que arranca uma porção de risos fáceis.
O filme é centrado em Gemma (Allison Williams) e Cady (Violet McGraw), que o destino junta depois de uma tragédia inesperada. Cady perde os pais em um acidente de carro, e recai sobre Gemma a responsabilidade de assumir a guarda da sobrinha.
Sem o preparo para se tornar uma mãe da noite para o dia, Gemma aposta em M3GAN. A boneca é um protótipo de um projeto para o brinquedo ‘definitivo’ do futuro. Com um amigo que não só faz companhia, mas protege e ensina, nunca mais a criança precisará de outro. Cady e M3GAN sincronizam e as duas criam um vínculo imediato.
Tudo parece ir muito bem até que a inteligência artificial de M3GAN começa a sair do controle de Gemma. Seguindo suas diretrizes principais de cuidar e proteger, a boneca não medirá esforços nem se deterá com escrúpulos humanos para cumpri-las.
Mas e aí, M3GAN é divertido?
Alison e Violet, sobretudo a atriz mirim, dão um show de interpretação. Já que o filme centra-se em Cady, é importante que a menina convença com seu trauma e a forma como se liga à boneca, e ela o faz.
Jenna Davis, que interpreta a voz de M3GAN, também faz um trabalho incrível de mesclar a doçura da programação da robô com momentos de intimidação e ameaça. Claro que a personalidade dela também tem grande ajuda do texto.
O roteiro é excelente, e vai direto ao ponto. Alguns personagens do filme são caricaturas, é claro, mas a maneira como o filme se apresenta claramente demonstra que essa foi uma escolha proposital.
Além dos momentos com M3GAN, o chefe de Gemma, interpretado por Ronny Chieng, também entrega algumas pérolas interpretando o patrão chato que todo adulto já teve.
E em termos do que se espera de um filme de terror, M3GAN entrega? É visível que a direção das cenas de morte do filme foram repensadas depois da boneca viralizar e a classificação do filme baixar de 16 para 14 anos, mas isso não é um detrimento ao filme.
Mesmo sem cenas com muita violência ou sangue, e uma ausência notável de um número alto de mortes, o longa não deixa a desejar. A história e premissa, somadas às inúmeras cenas com a boneca, já são atrevidas e divertidas o suficiente para que a falta de gore não seja sentida.
Quem entrar no cinema esperando algo assustador pode sair decepcionado; porém, quem gosta daqueles filmes de terror com antagonistas cheios de personalidade como Chucky e Freddy Krueger tem um prato cheio nas mãos.
Em resumo, M3GAN é um terror divertido e que certamente não perde muito com sua classificação etária baixa. Mesmo assim, para aqueles que saírem do cinema com sede de mais sangue, parece que já se discute uma versão sem censura para o lançamento em home vídeo.
M3GAN estreia nos cinemas de todo o Brasil nesta quinta-feira (19).
E nosso veredicto de Balde de Pipoca foi:
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.
