Por mais que queira expandir seus horizontes na carreira, Kumail Nanjiani confessou que não consegue certos tipos de papeis por conta da cor de sua pele. E a parte mais interessante disso é que isso acontece não por racismo, mas pelo exato oposto, de certa forma.
Em uma entrevista que concedeu à Revista Esquire do Reino Unido, o ator disse que a indústria está levando mais atores não caucasianos para as telonas. No entanto, a solução para criar diversidade e combater o racismo acabou criando um novo problema.
“Eu acho que Hollywood, hoje em dia, por mais que eles estejam tentando ser mais diversos, ainda é muito estranho. [O problema é que] essas boas intenções às vezes levam a soluções que não funcionam.”
De acordo com Kumail, atores de pele escura não são considerados para papéis de antagonistas mais, porque aos olhos de Hollywood, isso poderia dar a impressão de que a indústria os estaria vilanizando:
“[Os produtores dizem:] ‘Se um vilão for um cara de pele escura, que mensagem isso está passando?’, mas isso é tão limitante quanto qualquer outra coisa. Eu quero poder interpretar mais caras malvados também.”
Kumail deu como exemplo Sebastian Stan, o Soldado Invernal do MCU, que recente viveu um canibal no filme Fresh, e como ele não recebe esse mesmo estigma.
“Ele faz filmes da Marvel, e depois interpreta um psicopata”, disse. “Mas para mim, disseram que fazer isso seria difícil, porque as pessoas não querem escalar pessoas não brancas como os antagonistas”, revelou.
Vilão não se resume ao seu lado mau, diz Kumail Nanjiani
Kumail vive o fundador de clube de striptease Somen Banerjee na série Bem-Vindos ao Clube da Sedução, onde finalmente está realizando um de seus objetivos profissionais de trazer um antagonista diferente.
“Eu sempre quis interpretar um vilão, não só os caras malvados que não têm importância na história”, disse.
“Eu me refiro ao cara mau mesmo. A história [do programa] em si é empolgante e inesperada. Tem 30 coisas diferentes que acontecem que não dá para acreditar nessa série, e tudo isso aconteceu de verdade.”
Além disso, mesmo sendo o antagonista, Banerjee também tem raízes indianas, e poderia representar esse aspecto de sua vida, sem estar diretamente relacionado ao fato de ser o vilão da atração.
“Eu sou imigrante, e eu tinha uma ideia do sonho americano antes de vir para cá. Obviamente, isso evoluiu, e poder explorar pelos olhos de outro imigrante que, de certa forma, teve uma experiência parecida com a minha, é raro”.
Bem-Vindos ao Clube da Sedução está disponível no Star+.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.
