O mundo do entretenimento foi pego de surpresa e viveu uma semana agitada, quando a Warner anunciou o cancelamento de dois filmes próximos de serem concluídos e o fim o do seu streaming, o HBO Max.
Entretanto, a agitação nos corredores da Warner, que resultou no engavetamento de Batgirl e a sequência de Scoob!, apenas jogou luz em um processo que vinha acontecendo dentro da empresa há meses: a fusão com a Discovery.
Para se entender o motivo que levou ao cancelamento dos filmes e o fim do HBO Max, é preciso voltar no tempo, para 2018, quando a Warner Bros. foi comprada pela primeira vez.
A aventura bilionária da AT&T
No começo de 2018, a gigante telecomunicação americana AT&T, que até então estava longe dos cinemas e streamings, anunciava que havia concluído a compra da Time Warner
Um dos maiores conglomerados de mídia em todo o planeta, a Time Warner é dona de marcas famosas como a HBO, CNN, Esporte Interativo, DC Comics e a Warner Bros.
Agora sob as asas da AT&T, a empresa passou a se chamar WarnerMedia e sua estratégia foi completamente repensada, ganhando um novo foco.
Comandada por Jason Kilar, a nova WarnerMedia passou a investir pesado no segmento de streamings e o primeiro passo foi a criação do HBO Max.
Na mesma época, Jason Kilar também passou a investir em produções originais do streaming e, diante da pandemia da Covid-19, liberou o lançamento simultâneo de filmes nos cinemas e no HBO Max.
Porém, a Warner Bros. estava fazendo cada vez mais dividas e a AT&T não estava feliz. Então, pouco menos de três anos após ser comprada pela empresa, o grupo WarnerMedia foi colocado a venda vez novamente e encheu os olhos de outro conglomerado: o grupo Discovery.
Nasce a Warner Bros. Discovery
Diferente da AT&T, uma empresa de telecomunicações, a Discovery é um grupo do ramo de entretenimento, dona dos canais que levam o nome Discovery e marcas como o Animal Planet e a Food Network.
Assim, no começo de 2022, a empresa anunciava que estava finalizando um acordo para comprar a WarnerMedia por nada menos que US$43 bilhões. Da aquisição nasceria uma nova empresa: a Warner Bros. Discovery.
Apelidada de WBD, o acordo para a criação da nova empresa envolvia a demissão de vários executivos da Warner, incluindo o seu CEO Jason Kilar. A recém-criada WBD, agora, seria comandada por David Zaslav o presidente da Discovery.
No mundo do audiovisual, David Zaslav já era conhecido por sua postura “anti-streaming” e “pró-cinema” e não demorou muito para o executivo anunciar a sua primeira grande mudança na Warner.
Liderando uma Warner endividada, Zaslav deixou claro que faria grandes mudanças na DC, priorizando as produções de sucesso no cinema, como Batman, que podem trazer dinheiro “rápido” para os cofres da empresa.
Fontes da empresa ainda dizem que Zaslav tem um plano ambicioso para economizar cerca US$ 3 bilhões nos próximos meses.
Se inspirando no Universo Cinematográfico da Marvel, liderado por Kevin Feige, o executivo também contratou o diretor de Coringa, Todd Phillips, para fazer uma completa reforma do DCEU.
O Universo Estendido DC agora ganharia um foco parecido com o MCU e não demorou muito para os primeiros cancelamentos surgirem.
Antigas séries do Arrowverso como Batwoman, Naomi e Legends of Tomorrow foram imediatamente canceladas e sua produtora, a rede de televisão The CW, foi colocada a venda.
Batgirl e Scoob! não valem apena
O engavetamento de Batgirl pegou os fãs da DC e parte da indústria de surpresa pois, assim como Scoob!, o filme já estava em sua pós-produção. Porém, para David Zaslav os filmes simplesmente não valem apena.
Sob a antiga gestão de Jason Kilar, a Warner havia autorizado a produção de Batgirl, com um orçamento de US$70 milhões. Porém, antes mesmo de ser finalizado, o filme já tinha custado cerca de US$90 milhões.
Terminar a fase de pós-produção, com efeitos, edições e investimento em campanhas publicitárias para a sua estreia, custaria várias outras dezenas de milhões para Warner, que decidiu engavetar o filme.
Segundo fontes da empresa, o filme também é muito caro para ser lançado no HBO Max. Para ser uma produção do streaming, o longa não poderia custar mais de US$ 35 milhões.
Porém, Zaslav espera recuperar parte dos investimentos em Batgirl, pois não precisará pagar impostos ao governo americano. Entretanto, por não pagar os impostos, o filme não poderá ser vendido ou distribuído para outros estúdios.
Bye, Bye HBO Max
Por fim, a Warner Bros. Discovery já confirmou o destino do HBO Max, e sim, o streaming vai deixar de existir, mas apenas em 2023. Em pouco mais de um ano os catálogos do HBO Max e Discovey+ serão unidos em uma nova plataforma.
Segundo o próprio David Zaslav, a transição dos assinantes será gradual e acontecerá de forma independente em cada território. A expectativa da WBD é iniciar a mudança na América Latina entre setembro e novembro de 2023.
Embora não tenha confirmado o nome da nova plataforma, ou alterações que seu catálogo irá sofrer, Zaslav garantiu que os conteúdos originais do HBO Max não vão acabar tão cedo, indicando que as séries e realities do streaming podem não ser cancelados imediatamente.
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Baiano, mas nascido em São Paulo, sou fascinado pelo cinema e a cultura pop e hoje me dedico à redação do ePipoca.
