‘Edição especial’ de One Piece é impossível de ler e comete crime

Editora lançou um livro que reúne todas as edições de One Piece e chamou de obra de arte

Recentemente foi anunciado o lançamento de uma “edição especial de One Piece”, um livro reunindo todas as edições da obra de Eiichiro Oda até o momento, totalizando cerca de 21.450 páginas.

Contudo, esse livro que está sendo considerado o mais longo existente, está cercado de polêmica. Primeiro, ele não dá crédito Eiichiro Oda, e para burlar os direitos de reprodução, ele foi vendido descrito como uma escultura.

De acordo com o site The Guardian, esse livro intitulado ONEPIECE é fisicamente impossível de ler. A editora francesa JBE está vendendo o produto como uma obra de arte projetada por Ilan Manouach.

De acordo com a JBE, Manouach imprimiu a edição digital japonesa de One Piece e a encadernou, tratando a obra não como um livro, mas como “material escultural”. Um porta-voz da editora disse:

“[ONEPIECE] é uma escultura ilegível que toma a forma de um livro – o maior até hoje em número de páginas e largura da lombada – que materializa o ecossistema de divulgação online de quadrinhos”.

ONEPIECE (Reprodução)
ONEPIECE (Reprodução / JBE)

Editora e criador de One Piece sabem da obra de arte?

Quando perguntado se Eiichiro Oda havia se envolvido ou consultado sobre a criação de ONEPIECE e se havia alguma consideração de direitos autorais, o porta-voz da JBE disse:

“Esta peça é sobre o trabalho de Manouach em torno de ecossistemas de quadrinhos, aqui como um escultor que usa disseminação online como material de origem, não lendo conteúdo protegido por direitos autorais”.

Com isso, a editora alega que não há violação de direitos autorais porque é fisicamente impossível ler o livro. Com isso, Oda não receberá royalties pelas vendas de ONEPIECE, o que pode ser considerado um crime.

Keita Murano, membro da equipe de direitos internacionais da editora Shueisha, que publica o mangá de Oda no Japão, confirmou que sua empresa não foi consultada sobre o livro da JBE.

“O produto que você mencionou não é oficial. Nós não damos permissão a eles. Nossa licenciada na França que publica One Piece é a editora Glénat”.

ONEPIECE (Reprodução / JBE)
ONEPIECE (Reprodução / JBE)

Apenas para exposição

Ao se criar um livro que não se pode ler, Manouach queira transmitir a ideia de que quadrinhos agora existem como mercadoria e não como literatura, afinal, tem havido um aumento crescente de serviços online para leitura de histórias em quadrinhos.

Outro ponto a se destacar como quadrinhos são visto cada vez mais como obras de arte é o fato de edições, principalmente as mais raras, valem mais se ainda estão plastificadas, e muitas delas são compradas apenas para ficarem expostas por colecionadores ou fãs.

Ao todo foram criadas 50 cópias de ONEPIECE, que se esgotaram logo depois de seu lançamento em 7 de setembro. O livro/arte, foi vendido a um preço de € 1.900,00 (cerca de R$ 9.791,27).

O mangá oficial de One Piece de Eiichiro Oda é publicado desde 1997, no Brasil a história é publicada pela editora Panini Comics.

Fonte: The Guardian

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