Dublagem bizarra de filme de De Niro fez diretor criar empresa de inteligência artificial

Recentemente Scott Mann revelou a Input Magazine, como ele e seu sócio Nick Lynes criaram uma empresa de dublagem por inteligência artificial, inspirados em um fracasso de bilheteria em que Mann dirigiu Robert De Niro.

O cineasta britânico dirigiu De Niro no filme de ação Heist, em 2015, que se tornou um flop de crítica e de bilheteria. O longa gastou US$ 15 milhões de orçamento e lucrou apenas US$ 4 milhões de bilheteria. Também estavam no elenco: Jeffrey Dean Morgan, Dave Bautista e Gina Carano

Mann contou que a inspiração para a criação da empresa, que recebeu o nome de Flawless, veio depois que ele viu o filme dublado em um idioma estrangeiro e percebeu que o dublador estragou as cenas de De Niro, ao adaptar o roteiro para que a dublagem encaixasse com os movimentos do ator.

Ele disse que foi deprimente, depois de ver o ator no set se preocupando obsessivamente com cada pequeno detalhe do personagem, chegando a analisar quais abotoaduras seriam as melhores para seu personagem usar, ver essa dedicação ser jogada fora por uma dublagem ruim.

“As dublagens removeram efetivamente a maneira como De Niro tomava as decisões do personagem, mudando o diálogo para se adequar aos movimentos faciais, em vez de adaptar o roteiro e permanecer fiel à sua atuação. Ficou claro que o processo não funciona. Na melhor das hipóteses, é um meio-termo”, ele afirmou.

Depois disso ele se reuniu com o atual sócio e eles criaram a empresa que usa inteligência artificial para recriar e editar digitalmente o rosto de qualquer ator ou atriz, fazendo com que os movimentos de sua boca correspondam à dublagem, mantendo assim a autenticidade da performance.

Robert De Niro em Cena de Heist (Reprodução)

Segundo Nick Lynes, a tecnologia da Flawless converte o rostos dos artistas em modelos 3D.

“Isso cria milhões de modelos 3D, que a IA usa como pontos de referência. E então, usando uma gravação existente do diálogo em um idioma estrangeiro, ele estuda o ator e gera um novo modelo 3D por quadro. Finalmente, as imagens são convertidas de volta para 2D. Os artistas de efeitos digitais podem então consertar manualmente qualquer coisa que pareça errada”, ele explicou.

Scott Mann garantiu que apesar do sistema da Flawless lembrar um pouco a tecnologia deepfake, o processo é muito diferente.

“Deepfakes usam substituição facial bidimensional para sequestrar a identidade das pessoas. O que é o oposto do que fazemos, que é utilizar redes neurais de forma responsável para melhorar o desempenho. Também levamos em consideração a geometria e a geografia da imagem, que é a maior diferença, isso cria um desempenho totalmente tridimensional”, ele salientou.

O cineasta contou, ainda, que sua empresa já está em negociações com estúdios de cinema, e que já está trabalhando com um serviço de streaming, que lançará um filme com a tecnologia Flawless nos próximos 12 meses.

“Haverá pessoas que se recusarão a assistir nossas dublagens e dirão que as legendas são a forma mais pura, mas isso ajuda a compartilhar ótimas histórias internacionais com aqueles que talvez nunca as tivessem visto de outra forma. Em breve atingiremos o nível em que você não perceberá que fizemos isso e o debate se resolverá” ele afirmou.

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