Canal queria que Lucille Ball estrelasse I Love Lucy sem Desi Arnaz

Com o filme Being The Ricardos lançado no Amazon Prime Video, muitas perguntas começaram a surgir sobre a relação entre Lucille Ball e o marido Desi Arnaz. No longa de Aaron Sorkin, eles serão interpretados por Nicole Kidman e Javier Barden, respectivamente. Mas uma das perguntas é: como o casal conquistou seu próprio programa de TV?

Ambos os atores estouraram ao participarem da sitcom I Love Lucy, que mostrava uma dona de casa tentando ser perfeita e agradar o marido em plenos anos 1950. Acontece que depois de alguns filmes, Lucille Ball passou a fazer muito sucesso com seu programa de rádio, chamado My Favorite Husband. Por lá, ela se desenvolveu na comédia, e chamou a atenção do canal CBS.

A emissora ofereceu para ela o protagonismo de I Love Lucy, mas queriam que ela estivesse ao lado de Richard Denning no programa. Ele seria seu marido na ficção. “Ball precisava do show. Ela era uma atriz de filmes B, e mesmo isso estava perdendo o equilíbrio – o show era sua última chance. Ela foi demitida pela RKO e sua carreira estava no fim”, disse Darin Strauss, autor do livro The Queen of Tuesday, que fala sobre a vida da atriz.

Ball queria que a CBS escalasse Desi Arnaz para o lugar de Denning, mas o estúdio ficou arisco ao retratar um casamento entre uma mulher branca e um homem cubano. Mas Lucille bateu o pé, e não abriu mão de ter Desi no papel, por motivos pessoais e práticos. “Ela sabia que ele trapacearia se não estivesse por perto. Ela disse: ‘Se eu fizer o show e ele sair em turnê, o casamento nunca vai durar’. ”

Preconceito contra um latino

Com tanta insistência, ele acabou conseguindo o papel, mas manter o marido por perto não funcionou como ela esperava. Desi traía Lucille frequentemente, embora sua figura aparecendo na TV toda semana segundo o autor do livro, ajudou politicamente os Estados Unidos.

“Acho que realmente ajudou o país em suas relações raciais – o casamento mais popular nos Estados Unidos foi entre uma mulher branca e um homem cubano.” O show teve um sucesso meteórico em suas seis temporadas, exibidas de outubro de 1951 a maio de 1957, e Ball se tornou a namorada indomável da América. Isso até um pesadelo pairar sobre sua cabeça.

Lucille Ball comunista?

O Comitê de Atividades Não Americanas da Câmara, que investigou o comunismo em Hollywood, questionou a atriz em abril de 1952 e setembro de 1953. Quando ela foi exposta pela personalidade do rádio Walter Winchell, Ball deu uma entrevista coletiva explicando que ela havia se registrado no Partido Comunista em 1936 para fazer as pazes com seu avô socialista. Mas Strauss disse que as simpatias eram de fato reais, com Ball realizando reuniões comunistas em sua casa nos anos 1930 e votando duas vezes em um candidato socialista.

Strauss disse que suas inclinações políticas da era da Depressão “mudaram quando ela ficou mais velha, se casou com Desi e se tornou uma empresária e capitalista de muito sucesso”, mas mesmo assim seu passado a afetou. Mas enquanto muitas carreiras desmoronavam sob alegações menores, “ela era tão amada que as pessoas simplesmente acreditaram em sua desculpa e realmente não houve muita investigação”, disse Strauss. “Desi apareceu e brincou: ‘A única coisa vermelha nela é o cabelo – e mesmo isso não é real.’”

Quanto à relação de Lucille e Desi, o programa era a única coisa que os manteve juntos. “No final do show, o casamento estava em ruínas”, disse Strauss. “O último beijo que eles tiveram foi o último beijo do último episódio de seu último show”. Ball comprou a participação de Arnaz na empresa em que eles tinham construído e tornou-se uma poderosa executivo de estúdio, lançando sucessos como Star Trek e Missão: Impossível.  O casal se divorciou em maio de 1960. Ball se casaria com o comediante Gary Morton no ano seguinte, enquanto Arnaz se casaria com Edith Mack Hirsch em 1963.

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