Atrizes afegãs revelam atual situação do entretenimento sob regime do Talibã

Após o golpe dado pelo Talibã no Afeganistão este ano, a indústria do entretenimento sofreu um ataque brutal. Segundo reportagem da revista Variety, hoje as mulheres estão desaparecendo das televisões e cinemas locais.

A atriz Leena Alam falou sobre o risco que corre hoje por ser uma artista do sexo feminino no Afeganistão.

“Quem saberia melhor do que eu o quão perigoso é ser uma atriz do Talibã? Você não pode me infligir uma gota de medo a mais do que eu já senti ”, disse Alam ao participar de uma apresentação virtual de um monólogo para o LA Writers Center.

Como parte do texto de Alam também é mencionado uma situação real, onde asilo foi oferecido a mulheres artistas, mas não a seus filhos e familiares: “Você me oferece a morte e meus filhos, ou a vida sem eles? O que você faria? Eu vou para casa”, diz o texto emocionado.

O monólogo apresentado por Alam é inspirado em uma entrevista da sua amiga íntima e ex-co-estrela Sabera Sadat. A atriz, que é uma das mais famosas do Afeganistão, recebeu uma passagem para a França, mas recusou por saber que não poderia levar consigo seus dois filhos.

Leena Alam (Instagram)

Ainda segundo a Variety, o Talibã divulgou uma lista de oito diretrizes religiosas divulgada à mídia local, o que provou que sua visão das mulheres ainda não mudou. Porém, para a imprensa internacional suas promessas são bem diferentes e os líderes do movimento afirmam que as mulheres não perderam seus direitos.

A partir dessas diretrizes as mulheres não podem mais aparecer em dramas e novelas na televisão, as jornalistas devem usar o hijab- véu islâmico que cobre apenas a cabeça. As informações são do primeiro comunicado do Ministério para a Promoção da Virtude e Prevenção do Vício.

O diretor afegão Tarique Qayumi  não acredita que o Talibã será capaz de anular totalmente o entretenimento moderno. Mas alerta para uma possível estratégia de apagamento total da imagem feminina a longo prazo:

“ Eles vão começar com argumentos moralistas sobre como temos que proteger nossas esposas e irmãs de aparecerem na tela e, uma vez que as mulheres lentamente vão para o segundo plano, as pessoas vão começar a pensar que isso é normal e podem lançar mais diretivas.”

O Talibã não tem o controle total da internet em Terras Afegãs e isso pode facilitar que as pessoas acessem o que quiserem dos seus smartphones. Mas o projeto de anulação do protagonismo feminino na mídia está em curso.

A fundadora da estação de TV Baano, inteiramente composta por mulheres, Nabi declarou que ainda estão lutando:

“Estamos trabalhando sob a burca para criar nossos relatórios, para depois apenas guardá-los porque não podemos publicá-los”, diz ela que investiga a situação dos abrigos para mulheres que sofreram violência doméstica.

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