Como via de regra, as mulheres nos filmes da franquia de 007 nunca receberam posições de destaque ou importância. Sempre foram relegadas apenas a algo bonito para ser observado ou se tornar um eventual interesse amoroso de James Bond.
Felizmente, as coisas estão mudando no cinema, e a atriz Lashana Lynch, que interpreta Nomi no novo 007 – Sem Tempo Para Morrer, contou em entrevista para o site Comicbook como se deu a construção de sua personagem, e como ela queria que Nomi fosse um símbolo de poder e força, sem perder o realismo:
“Tem duas coisas. Eu queria de verdade criar uma personagem realmente realista que fosse divertida e ambiciosa e inteligente e todas essas coisas. Mas eu realmente só queria fazer proezas gigantes, para te falar a verdade. Eu só queria chutar as pessoas na cara e manejar armas e rolar no chão e ficar suja e usar calças de combate e botas grandes e me sentir bem forte. Eu queria me sentir forte e poderosa, interna e externamente e, graças a Deus, eu acho que conseguir fazer isso.”
Atriz tenta trazer uma mensagem positiva sobre vulnerabilidade
Lashana também falou sobre como foi positivo a equipe considerar seu ponto de vista. Ela ressaltou que a opinião dos atores, sobretudo quando não são grandes estrelas, raramente são levadas em conta nos estúdio de Hollywood.
Ela foi capaz de levar as próprias experiências de vida e inserir na personalidade de sua personagem no filme:
“A coisa legal sobre – depois dos testes para frente – foi que eu podia dizer que eles tinham realmente uma ótima ideia de Nomi, mas que eles estavam esperando pela pessoa que fosse escalada pra colaborar com eles, o que é legal. E isso não acontece sempre, na verdade. Então para o produtor e diretor se juntarem e decidirem isso, ‘Lashana tem ideias e nós vamos ouvir ela’, é algo que me deixa muito humilde, mas também me dá a chance de dizer, ‘Okay, experiências de mulheres, experiências de pessoas negras, experiências de novatos, tudo aquilo pode literalmente…’ nós podemos simplesmente colocar isso nesse caldeirão gigante de coisas e fazer tudo fazer sentido.”
A atriz também fala que acha muito importante a construção de uma personagem que fuja das velhas convenções de perfeição, porque isso mostra aos espectadores uma visão mais realista dos seres humanos, com as quais eles possam se identificar e não se sentirem tão diferentes do que veem nas telas:
“Aquilo me ajudou a estabelecer [a personagem], não muito limpinha, não muito perfeita, ainda se descobrindo, se questionando que tipo de agente conseguiria fazer um trabalho impecável. Mas também, você vê o processo conforme o tempo passa. Você vê ela admitindo não ser capaz de fazer algo e aí seguindo em frente e fazendo de qualquer maneira, que é uma mensagem poderosa de mandar para pessoas jovens, que parecem comigo, homens jovens, que estão aprendendo o poder de uma mulher nas telas e de onde isso vem, e também pra que seja okay para força e vulnerabilidade existirem ao mesmo tempo.”
007 – Sem Tempo Para Morrer está em cartaz nos cinemas de todo o Brasil.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.