Algumas verdades que Doze anos de Escravidão não conta

Filme omite e altera muitos fatos da verdadeira história de Solomon Northup

Baseado na história real, contada no livro de memórias de Solomon Northup, Doze anos de Escravidão acompanha a história do autor, quando ele foi sequestrado e vendido como escravo nos anos 1840, mas o filme não conta muita coisa e altera outras, veja algumas verdades não encontradas no longa.

A origem de Solomon

Embora o filme mostre rapidamente alguns momentos da vida pregressa de Solomon antes de seu sequestro, a origem dele não é explorada. Apesar de ter nascido um homem livre, a escravidão já fazia parte da vida dele, já que seu pai era um ex-escravo liberto, que após anos de escravidão foi libertado por seu último senhor, que deixou em seu testamento seu desejo de libertá-lo.

A identidade e destino dos sequestradores

No longa, os sequestradores de Solomon são identificados como Merrill Brown e Abram Hamilton e após eles o venderem para o primeiro senhor de escravos, eles desaparecem de cena, mas nem a identidade deles é a real, nem eles sumiram da vida de sua vítima.

Na verdade, os criminosos se chamavam Alexander Merrill e Joseph Russell e eles chegaram a ser processados por Solomon após ele recuperar sua liberdade, mas nunca chegaram a pagar por seu crime, pois, por motivos desconhecidos, as acusações foram retiradas.

Cena de 12 Anos de Escravidão
Cena de 12 Anos de Escravidão (Divulgação)

Busca por justiça teve grandes proporções

Doze anos de escravidão termina quando Solomon é resgatado e volta para junto de seus filhos, seguindo de um resumo de poucas palavras escrito na tela sobre o insucesso dele em levar seus antigos proprietários a justiça e que as circunstâncias de sua morte são desconhecidas.

Provavelmente devido a produção estar interessada em focar apenas no tempo em que Solomon foi escravizado mesmo sendo um homem nascido livre, o filme não discorrer sobre o pós libertação dele, omitindo que embora ele tenha fracassado em sua tentativa de levar os homens que o escravizaram a justiça, sua tentativa ganhou muita atenção da mídia na época, e o caso alcançou grandes proporções.

Morte do navio negreiro foi dramatizada para criar impacto

Apesar de ser algo bastante comum na época, os mercadores de escravos serem extremamente violentos com os escravos, abusando das mulheres e matando-os sem piedade diante qualquer motivo que os desagradasse, a morte de Robert no navio negreiro foi uma dramatização para criar impacto, pois na realidade, o homem que morreu naquele navio faleceu por varíola não por ser esfaqueado.

Lupita Nyong'o e Chiwetel Ejiofor em cena de 12 Anos de Escravidão
Lupita Nyong’o e Chiwetel Ejiofor em cena de 12 Anos de Escravidão (Reprodução)

Patsey nunca pediu que Solomon acabasse com sua vida

Outra grande alteração do filme, provavelmente como no caso da morte do navio, para criar um impacto maior no público, foi a conversa entre Patsey e Solomon, onde ela pede para que ele pede que ele a mate.

Apesar da escrava ter uma vida muito sofrida, sendo torturada e estuprada frequentemente por Edwin Epps e humilhada e espancada pela esposa dele, Mary, e tivesse uma relação próxima com Solomon, a conversa de acabar com sua vida nunca existiu, apenas conversas sobre fuga.

William Ford não foi retratado corretamente

Embora como os outros, William Ford fosse um proprietário de escravos, o filme o mostra sentindo culpa motivada por sua fé em Deus, mas o coloca como um hipócrita devido suas ações. No livro o fazendeiro é descrito por Solomon como uma pessoa bem melhor, um homem gentil e moral.

Chiwetel Ejiofor e Michael Fassbender em cena de 12 Anos de Escravidão
Chiwetel Ejiofor e Michael Fassbender em cena de 12 Anos de Escravidão (Reprodução)

Tibeats foi desafiado por Solomon duas vezes

Logo no início de seu periodo de escravidão Solomon entra em conflito com o carpinteiro sádico, John Tibeats e os dois chegam a lutar, porém ele é rendido pelos homens de Tibeats e catigado e logo depois é enviado para a fazenda de Edwin Epps.

Segundo o livro de Solomon, não foi bem assim que aconteceu, ele permaneceu mais tempo na fazenda da Ford e chegou a lutar com o carpinteiro mais uma vez.

A conversa entre Patsey e Shaw nunca aconteceu

O longa mostra a Senhora Harriet Shaw, a esposa negra de um dono de uma plantação branca tendo uma conversa com Patsey, sobre como de uma escrava ela se tornou a esposa de seu senhor, conversa que Solomo presencia, porém, apesar desse encontro ter acontecido, a conversa não é descrita no livro, ou seja nunca existiu.

Samuel Bass não foi o único responsável pela libertação de Solomon

Doze anos de escravidão pinta Samuel Bass como o grande herói que ajuda Solomon a reaver sua liberdade, e apesar de ele ter um papel importante do processo de libertação, ele não foi único responsável, um advogado chamado Henry B. Northup, que tinha ligação com o último senhor do pai de Solomon, foi vital para que ele fosse libertado.

Doze anos de Escravidão está disponível no Star+.

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