Viola Davis relembra os primeiros comentários que ouviu no teatro: ”grande e negra”

De volta aos cinemas com a estreia de A Mulher Rei, Viola Davis relembrou parte do racismo que enfrentou no teatro e na televisão americana.

Brilhando nos cinemas ao redor do mundo com a estreia de A Mulher Rei, a premiada Viola Davis fez questão de relembrar o início da carreira, revelando um lado obscuro e preconceituoso de Hollywood.

Dona de uma carreira invejável no showbiz americano, a atriz de 57 anos coleciona trajetória de personagens icônicos, que lhe renderam alguns dos maiores prêmios do cinema, como o Oscar, um Emmy, um Globo de Ouro e dois prêmios Tony, o mais importante do teatro americano.

Viola Davis (Divulgação)

Mas, construir a essa trajetória não foi fácil e, num bate-papo com site britânico The Guardian, Viola visitou as raízes da sua carreira, relembrando que o seu primeiro desafio para vencer o preconceito na indústria começou ainda no teatro, quando ela estudava dramaturgia.

Relembrando dos quatro anos que passou na “egocêntrica” escola de música, dança e dramaturgia Juilliard School, Viola comentou que se sentia “deslocada” por ser “muito negra” para o lugar.

“[Era um local] eurocêntrico… sentia que havia vindo com uma paleta errada. Eu era muito grande. Eu era muito negra. Minha voz era muito profunda”, desabafou a artista.

Viola Davis em A Voz Suprema do Blues (Divulgação)

Porém, a atriz ponderou que foi graças à Juilliard School que ela conseguiu o dinheiro para viajar até o país de Gâmbia, nos aos 1990, uma experiência que lhe transformaria profundamente.

Davis abriu o coração ao revelar que encontrou seu lugar na arte quando assistiu uma apresentação local, protagonizadas por um grupo de mulheres chamadas de “kañeleng.”

Naquele momento, a atriz afirma ter entendido que precisava trazer a sua bagagem e ,principalmente, a sua cor para suas performances.

“Se eu não começasse [a minha carreira] com um tom do que é a Viola, então [eu] estaria fazendo absolutamente nada. Se isso seria ou não recebido pelas massas, eu não poderia controlar. Mas [esse desejo] eu poderia controlar.”

Viola Davis como Annalise Keating em How To Get Away with Murder
Viola Davis como Annalise Keating em How To Get Away with Murder (Divulgação / ABC)

Décadas mais tarde, logo após ser escalada para protagonizar a série de suspense How To Get Away with Murder, Viola precisou reafirmar esse conceito, quando foi confrontada por colegas negros.

Há alguns meses, para o The New York Times, a estrela revelou ter sofrido um certo esnobismo de seus colegas negros, que diziam que a atriz não era bonita o suficiente para interpretar Annalise Keating.

“Um amigo disse a ela que ouviu atores e atrizes, todos negros, dizendo que ela não era bonita o suficiente para dar conta [do papel em How To Get Away with Murder]”, diz o relato na matéria do jornal norte-americano.

A contra gosto desses artistas, a personagem de Viola se tornou um sucesso, numa série que ganhou cinco temporadas e, inclusive, rendeu o primeiro Emmy.

Viola Davis como Nanisca em A Mulher Rei (Reprodução / Sony)
Viola Davis como Nanisca em A Mulher Rei (Reprodução / Sony)

Viola também já relembrou outras situações desagradáveis, fruto de um racismo estrutural, quando descobriu que vários diretora só estavam a cogitando para personagens que eram viciadas em drogas, por ela ser “muito escura” para outros papeis.

Em A Mulher Rei, Viola traz uma nova personagem a sua carreira, explorando o começo do século XIX, época que vive a líder das guerreiras Agojie, no reino africano do Daomé. O filme está em cartaz nos cinemas nacionais.

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