É um fato que The Flight Attendant tem muitas armadilhas na sua trama, algumas literais como a ocasião em que a assassina Miranda Croft (Michelle Gomez) foi solta em Bangkok, Nova York e Roma com um canivete na mão.
Porém, o perigo maior se passa na cabeça da protagonista, Cassie Bowden (Kaley Cuoco).
O primeiro e maior trauma sofrido por Cassie foi acordar ao lado do cadáver recém-assassinado de um cara com quem passou apenas uma noite, Alex Sokolov (Michel Huisman).
A pegadinha aqui está em equilibrar questões sérias de luto e trauma internalizado com o tom sombrio, mas definitivamente cômico da série.
Em momentos como este, o mestre do suspense, Hitchcock, guarda a resposta e muito da sua narrativa está presente em The Flight Attendant. Um bom exemplo disso são as transições quando Cassie sai de um país e vai para o outro e também os créditos de abertura inspirados em Saul Bass.
Um dos momentos principais é quando aparece a suíte do hotel em que Cassie acorda e, em seguida, a mostra retornando ao local mentalmente para desvendar o mistério de quem matou Alex. Deste modo, os espectadores podem descobrir de quais formas ela está presa.
Outro recurso muito usado para determinar a cena é o momento em que Cassie é enquadrada dentro de um conjunto de colunas internas que evocam as grades de uma cela. As grandes janelas de vidro, que deveriam oferecer uma vista glamorosa do horizonte de Bangkok, refletem o corpo de Alex de volta para Cassie, não importa onde ela esteja no quarto.
Todos estes recursos são usados para criar a tensão e fazer quem assiste entender o nível do perigo em que a protagonista se encontra no momento. Por isso a série é próxima de grande parte da filmografia de Hitchcock.
O diretor era conhecido por usar as mesmas linhas visuais fortes, labirintos, como no layout do milharal que Cary Grant é forçado a percorrer em Intriga Internacional. Em outro momento anterior, Hitchcock utiliza o design da Sede da ONU para fazer seu personagem parecer um rato em um labirinto.
A produtora de designer da série acrescenta que a produção visual teve muita inspiração em outras referências :
“Também estávamos fazendo referência a trabalhos que eram comédias traumáticas lideradas por mulheres que nos entusiasmaram muito. E acho que equilibrar esses dois elementos foi muito, muito importante ”, disse White.
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