O experimentalismo de Hitchcock e a técnica ‘One Shot’

Alfred Hitchcock explorou e inovou no cinema. O Mestre do Suspense se aventurou na gravação de um filme com One Shot na época em que ainda se usava celulóide.

Filmes ‘One Shot” ou “Tomada Única” tornou-se uma tendência cinematográfica popular nos últimos anos, onde elenco e equipe produzem filmes com poucas ou nenhuma edição. O avanço tecnológico da áreas de vídeo digital é um impulsor desse movimento.

Alguns equipamento permitem uma liberdade quase ilimitada na duração da tomada, Na época em que os diretores usavam celulóide, só era possível fazer tomadas com a duração de um único carretel de filme, o que resultava em uma médias de até 10 minutos.

Apesar da limitação técnica, o diretor-mestre britânico Alfred Hitchcock decidiu realizar uma dessas produções, E, apesar da baixa viabilidade, se aventurou e produziu nesses moldes o filme A Corda, em 1948.

Experimentação de Hitchcock

A Corda é considerado o filme mais experimental do cineasta. É composto de 10 tomadas longas (11 se a sequência de créditos e abertura for incluída), cada uma com o comprimento de um carretel de filme.

A fim de criar a ilusão de uma única tomada ininterrupta entre cada tomada, Hitchcock utilizou um método de cortes ocultos que desde então tem sido usado em filmes que encenam o one shot, como Birdman e 1917.

Os cortes ocultos em A Corda não são tão habilidosos como os dos trabalhos posteriores, e um bom observador consegue identificá-los, se souber o que procurar.

Normalmente, os cortes eram feitos nos momentos em que a câmara focava em um algum objeto e se aproximava até que a tela escurecesse.

A Corda

Mas afinal, qual foi o propósito de Hitchcock com esse experimento? Um dos motivos, com certeza, é realizar truques. O diretor gostava desse tipo de artimanha que chama a atenção.

Também não se pode negar sua integridade artística, e o estilo tomada única é muito adequado para a história. Além de ajudar a enriquecer seu conteúdo emocional e temático.

Hitchcock utilizou a estratégia pensando em trazer o público para dentro da história, fazendo com que se sentisse parte do enredo como um convidado real da festa. Assim, o suspense tem uma intenção profunda e dramática de colocar o espectador dentro da cabeça do assassino.

Ao mesmo tempo em que tem a sensação de fazer parte, o espectador também tem informações cruciais que os demais convidados não têm. Isso faz uma ligação entre público e assassinos, trazendo até a cumplicidade.

Contudo, o próprio Hitchcock analisou mais tarde como “um experimento que não funcionou”. Isso por ter precisado utilizar vários cortes bruscos (para quem entende) ao longo do filme para ajudar os projecionistas a manter a ordem dos rolos no lançamento.

A Corda, mesmo assim, mostra os eventos grotescos do filme com graça e sofisticação. O que, provavelmente, era a intenção do mestre do suspense.

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