Diretor de Last Night in Soho conta que relatos reais de abuso ajudaram a enriquecer o projeto

Edgar Wright confessa que, apesar de não ter sido fácil conhecer todas as histórias trágicas de abuso sexual no showbiz, que Last Night in Soho é um filme que reflete a realidade da trágica história de tantas artistas de Londres por causa delas.

O diretor conta em entrevista para a Indie Wire que fez uma extensa pesquisa sobre relatos de assédio e abuso sexual no meio do entretenimento em preparação para o filme, e que ver que tantas histórias nunca tiveram a chance de serem ouvidas foi o que mais o estimulou para dirigir o projeto em primeiro lugar:

“A triste verdade disso é que estas histórias estavam por aí mas elas nunca haviam sido ouvidas em primeira mão. Na pior das hipóteses elas eram fofocas maliciosas da maneira que a maior parte das histórias sobre o showbusiness não são das vítimas mesmo contando o seu lado da história. Eu acho que a parte mais triste disso tudo é obviamente que algumas destas histórias dos anos 60 nunca serão ouvidas porque algumas das pessoas que passaram por elas não estão mais nem entre nós.”

O filme conta a história de uma estudante de moda chamada Ellie, interpretada po Thomasin McKenzie. A moça é assombrada por Sandie (Anya Taylor-Joy), uma cantora dos anos 60 que teve a carreira arruinada por homens abusivos que a usavam em troca da promessa de fama e dinheiro.

Wright fala que a pesquisa que fez o deixou impressionado, porque o número de casos de artistas mulheres que morriam cedo era muito grande:

“Eu fiquei realmente impactado que um quarto das biografias terminavam em tragédia e em carreiras sendo terminadas antes do tempo. Era completamente dissonante desse tipo de livrinho bonitinho de mesa de café.”

Cena de Last Night in Soho (Reprodução)
Cena de Last Night in Soho (Reprodução)

“É triste como aquilo era encarado como normal”, conta diretor

Quando Wright decidiu seguir adiante com a produção, ele entrou em contato com a pesquisadora Lucy Pardee, que compartilhou com ele inúmeras histórias de mulheres que viviam e trabalhavam em Soho durante a era retratada no filme.

Edgar comenta que a naturalidade com que a violência era encarada era uma realidade muito triste, mas que aquela situação perturbadora relatada por tantas mulheres tornou o filme menos assustador de ser feito:

“A coisa mais triste que é a pura verdade é que a história é uma miríade de casos. Mas lá atrás existia esse sentimento de que era assim que as coisas funcionavam, especialmente nos degraus mais baixos da escada do negócio de entretenimento. Eu tinha essa tonelada de pesquisa que era completamente angustiante, perturbadora, e reveladora, todos os seus piores medos confirmados. Era definitivamente útil em termos de validar a história e plantá-la na realidade, mas também era algo que me fazia menos assustado de fazer o projeto.”

Last Night in Soho estreia hoje, 29 de outubro, em cinemas em todo o Brasil.

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