CRÍTICA | O Clube da Meia-Noite tem conflito de identidade e mostra Mike Flanagan em versão diet

Série arrasa em alguns pontos e deixa muito a desejar em outros

O Clube da Meia-Noite é a nova série da Netflix, dirigida por Mike Flanagan, conhecido por suas séries de sucesso na plataforma como A Maldição da Residência Hill, A Maldição da Mansão Bly e A Missa da Meia-Noite.

Assim como suas irmãs, O Clube da Meia-Noite também discute temas pesados e que fazem pensar, mesmo que em uma medida um pouco mais leve e sem tanta carga emocional. Talvez seja isso que faz com que os episódios causem um pouco de estranheza.

A série segue a trajetória de Ilonka, uma adolescente que acabou de se formar no ensino médio e vê seus planos frustrados por um câncer que a coloca em estado terminal antes mesmo de entrar na faculdade.

Iman Benson como Ilonka em O Clube da Meia-Noite (Divulgação/Netflix)
Iman Benson como Ilonka em O Clube da Meia-Noite (Divulgação/Netflix)

Ilonka se muda para o Asilo Brightcliff, uma instituição que recebe adolescentes com doenças terminais, para que possam terminar sua vida em seus termos e com todos os cuidados necessários.

Como maneira de lidar com a morte iminente que paira sobre as cabeças de todos os pacientes, os jovens formaram O Clube, que se reúne todas as noites para compartilhar histórias assustadoras.

Uma trama bem maior e cheia de mistérios se desenrola, movida pelo desejo feroz de sobreviver da protagonista.

Um conflito de tons

Apesar de ser uma série que claramente foi criada pensando em um público jovem, Mike consegue ir além e levar um tom mais adulto para o programa através da discussão sobre a morte, que é o tema central.

A morte, apesar de ser uma coisa natural que acontece com todos os seres vivos, nunca é algo que é facilmente aceitado quando acontece. Saber que sua morte está próxima causa um trauma que é retratado de maneiras diferentes através dos membros do Clube.

Ruth Codd como Anya em O Clube da Meia-Noite (Divulgação/Netflix)
Ruth Codd como Anya em O Clube da Meia-Noite (Divulgação/Netflix)

As histórias contam com um elemento antológico para a série, e embora sejam independentes, sempre estão ligadas aos conflitos e medos dos personagens projetados em seus contos. Conhecendo os outros trabalhos de Flanagan, a expectativa para os elementos de terror é alta, e é aí que a série deixa a desejar um pouco.

As histórias contadas têm um tom que se assemelha muito mais a Clube do Terror (série infanto-juvenil da Nickelodeon nos anos 1990) do que atrações de terror mais maduras. Bobinhas, elas não causam muito medo no espectador, que vem através de sustos bem plantados que desenvolvem o arco narrativo da temporada.

Esse malabarismo de ideias faz com que a série tenha um conflito de identidade: ao mesmo tempo que as reuniões do Clube são mais leves e divertidas, discussões sérias sobre a inevitabilidade da morte levantam questões que deixam o espectador pensando mesmo depois de desligar a TV.

Igby Rigney como Kevin, Annarah Cymone como Sandra, Adia como Cheri, Iman Benson como Ilonka, Ruth Codd como Anya, William Chris Sumpter como Spencer e Sauriyan Sapkota como Amesh em O Clube da Meia-Noite (Divulgação/Netflix)
Igby Rigney como Kevin, Annarah Cymone como Sandra, Adia como Cheri, Iman Benson como Ilonka, Ruth Codd como Anya, William Chris Sumpter como Spencer e Sauriyan Sapkota como Amesh em O Clube da Meia-Noite (Divulgação/Netflix)

Talvez essa justaposição seja feita de propósito? É interessante pensar que, em uma série que é centrada em um grupo que compartilha histórias de terror, a parte mais assustadora é o medo de não saber o que vai acontecer quando a nossa hora chegar.

A primeira temporada completa de O Clube da Meia-Noite está disponível para streaming através da Netflix.

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