Crítica: Explorando o máximo de Cate Blanchett, TÁR se prova um filme brilhante e demanda, ao seu público, um Oscar

Fictícia, mas ainda assim uma cinebiografia, TÁR explora a espiral que levou a pianista Lydia Tár ao ostracismo

Uma pianista extremamente dedicada, dona de uma longa biografia, no auge do sucesso, regendo uma das orquestras mais importantes do mundo, seu nome é Lydia Tár. Pelo menos no universo de TÁR, o filme que explora a vida dessa personagem fictícia que se prova uma verdadeira bomba relógio.

Porém, se por um lado sua protagonista é uma carga de explosivos esperando a detonação, a estrutura de TÁR é um autêntico e preciso relógio suíço, que revela todos os elementos da sua história nos momentos certos e, mais importante, da forma correta.

Cate Blanchett como Lydia Tár em TÁR (Divulgação / Universal Pictures)

O roteiro do filme procura seguir os passos que levaram Lydia a uma decadente espiral que, eventualmente, destrói sua carreira, a expulsando dos corredores elitistas da música clássica.

No centro dessa história, a australiana Cate Blanchett entrega o seu melhor para viver a artista. Por vários momentos, sua performance nos leva a acreditar que realmente estamos em frente a uma pianista que enfrenta os seus piores dias.

Ainda assim, se haviam dúvidas quanto a excelente atuação de Blanchett, o Critics Choice Awards sanou todas elas. A premiação entregou a sua estatueta de Melhor Atriz para a artista, por sua performance em TÁR.

TÁR recria o movimento “Me Too”

Nina Hoss como Sharon e Cate Blanchett como Lydia Tár em TÁR
Nina Hoss como Sharon e Cate Blanchett como Lydia Tár em TÁR (Divulgação / Universal Pictures)

Uma verdadeira gênia da música, mas ao mesmo tempo arrogante, egoísta, egocêntrica, Lydia Tár molda todos aos seu redor para servirem as suas necessidades. Mas nem mesmo essa personalidade altamente manipuladora é imune a nova arma da década: o cancelamento digital.

A famosa e temida segregação nas redes sociais, mais conhecida como “cancelamento”, se tornou comum nos últimos anos e, naturalmente, chegou aos universos fictícios do cinema.

O fenômeno é marcado por uma postura imoral, incorreta, ou até mesmo inconveniente, do cancelado. No caso de Lydia Tár, uma postura assediadora, potencializada por acusações, dá início ao fim da artista.

Embora não faça nenhuma menção, é inegável que o filme tenta retratar, em outro universo, o movimento “Me Too”. Este ganhou a atenção de todo o mundo quando estrelas de Hollywood vieram a público revelar os assédios sofridos nos bastidores de vários estúdios.

TÁR ainda se arrisca em fazer críticas a forma como a “lacração” do mundo digital pode impermeabilizar e prejudicar o senso crítico em relação a artistas, movimentos e figuras de épocas passadas.

A trama tenta, por meio de claros diálogos, chamar a atenção para organização social e pensamento comuns que permeavam o mundo quando as figuras citadas (no filme) viveram. Vale destacar que estas, de longe, não se assemelham aos seus correspondentes dos dias atuais.

TÁR exige um Oscar ao seu público

Cate Blanchett como Lydia Tár em TÁR
Cate Blanchett como Lydia Tár em TÁR (Divulgação / Universal Pictures)

Idealizar, produzir e harmonizar todos os elementos que compõe um filme definitivamente não é uma tarefa fácil. Mas Todd Field completa a sua missão com maestria.

O roteiro de TÁR torna as ações e pensamentos que a “condenaram” numa trama clara e certeira. O filme em sim é uma espécie de “cinema sem medos”, no qual o espectador é confrontado com a realidade de seu personagem de forma direta, sem grandes embromações, mais ainda assim clara e coesa.

Somado a escolha da trilha sonora, que exalta clássicos de Bach e Beethoven, com a atuação de Cate Blanchett, o filme arranca, até do mais leigo, comentários que praticamente exigem um Oscar a produção.

Dessa forma, todos os esses elementos tornam TÁR no tipo de filme que surpreende, conquista e causas reflexões no grande público, que entra na sala de cinema com pouca ou nenhuma expectativa e sai de lá completamente tocado pela produção que assistiu.

TÁR estreia nos cinemas em 26 de janeiro de 2023.

E nosso veredicto de Balde de Pipoca foi:

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