CRÍTICA: Disney falha ao mirar nova geração em novo filme de Tico e Teco

Tico e Teco: Defensores da Lei é uma espécie de retorno dos personagens

Sem grande alarde, nem divulgação, a Disney lançou Tico e Teco: Defensores da Lei diretamente no streaming. Na era dos reboots e recriações de propriedades antigas o estúdio age em duas frentes: rir de si mesmo, divulgando seus próprios personagens, e tentar capturar a atenção de uma nova geração.

E talvez só uma parte disso funcione no filme que está disponível no Disney+. Tico e Teco: Defensores da Lei é um meio live-action, que distorce todo o enredo da série animada, sucesso nos anos 1980, levando à máxima o que a divulgação do longa diz: “Não é um remake, é um regresso”.

Tico e Teco: Defensores da Lei
Tico e Teco: Defensores da Lei (Reprodução/ Disney+)

No filme, Tico e Teco eram amigos, que viraram atores e ganharam seu próprio programa de TV. Como Teco se sente mal por ser sempre tratado como o alívio cômico, sendo ele o esquilo ‘burrinho’ quando Tico sempre é mostrado como mais inteligente e sagaz, ele decide alçar seus próprios voos e parte para tentar seu programa solo, que vira um fracasso e culmina no cancelamento do desenho animado da dupla. Anos se passam sem que eles se falem, e Teco tenta retomar a carreira fazendo uma “cirurgia de 3D” para tentar conseguir fazer parte do showbiz atual.

A história do filme remete diversas vezes a Uma Cilada Para Roger Rabbit, inclusive com o personagem sendo citado, isso porque o clima noir toma conta da produção quando mafiosos decidem sequestrar Monte. Como a polícia de Los Angeles não tem pistas sobre o desaparecimento, os ex-amigos precisam (tentar) deixar as mágoas de lado e se unir para desvendar o crime, e fazer ‘na vida real’ o que sempre fizeram em seu programa.

A comédia está presente em todo o filme, inclusive a parte mais interessante é justamente a chuva de referências que a produção se propõe ao usar personagens da Disney (e da antiga Fox) para compor as tramas.

Lumiere (de A Bela e a Fera), Sonic Feio (aquele que foi feito para o live-action e substituído após reclamações online), South Park, My Little Pony, Ricky e Morty e muitos outros surgem em algum momento, seja como parte do enredo ou ao fundo das cenas, já que no universo do filme, humanos e desenhos animados convivem normalmente.

Tico e Teco: Defensores da Lei
Tico e Teco: Defensores da Lei (Reprodução/ Disney+)

A sagacidade do roteiro construído para crianças é alta, e desfaz aqui qualquer semelhança com Roger Rabitt, isso porque em vez de assassinatos, a gangue que sequestrou Monte tem como objetivo fazer com que desenhos animados antigos tenham seu traço original apagado, assim eles são refeitos, e mandados para a terra da pirataria, que é regida por filmes que se parecem com os da Disney, mas não são.

O filme não é ruim, está longe disso, mas fica no meio do caminho entre fazer bonito com o público adulto e infantil. As crianças atuais, não têm mais desenhos animados preferidos, elas preferem assistir a youtubers fazendo desafios bobos, enquanto os adultos vão conseguir pegar cada uma das referências mostradas na tela, mas muito possivelmente não se encantem com o enredo envolvendo a investigação que se torna tão óbvio que o faz virar piada dentro do próprio filme, devido à previsibilidade dos vilões.

Peter Pan adulto em Tico e Teco: Defensores da Lei
Peter Pan adulto em Tico e Teco: Defensores da Lei (Reprodução/ Disney+)

É um filme divertido, que toda a família vai poder assistir junta, mas que falha em ser uma diversa completa para cada uma das faixas etárias a que se destina.

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