A Viagem de Chihiro conta a história de um família que acaba presa em um mundo mágico e perigoso. Cabe a jovem Chihiro encontrar um forma de sair deste mundo e salvar seus pais.
O longa metragem de Hayao Miyazaki e do Studio Ghibli foi o primeiro animado em língua não inglesa a ganhar o Oscar de Melhor de Animação. Além disso foi o filme de maior bilheteria por quase 20 anos no Japão.
A cenas repletas de detalhes podem gerar extensas análises. Aqui está uma lista de diversas curiosidades sobre tudo o que A Viagem de Chihiro passou até finalmente ganhar vida.
1- Miyazaki fez A Viagem de Chihiro para um público muito específico
Apesar de A Viagem de Chihiro ser amado por espectadores de todas as idades, Hayao Miyazaki fez o filme pensando atingir meninas de 10 anos.
Em uma entrevista feita em 2001, Miyakazi explicou que fez Meu Amigo Totoro para crianças pequenas, O Castelo no Céu para meninos e O Serviço de Entrega das Kiki para adolescentes.
Ele relatou que havia algumas garotas da idade de Chihiro em sua família, e que só haviam romances para idade delas e que queriam algo mais, e então achou uma boa ideia colocar em um filme uma menina como uma grande heroína.
2- Não havia roteiro
Haviam boatos de que Hayao Miyazaki não escreve os roteiros de seus filmes, e ele confirmou isso em uma entrevista de 2002, com isso, A Viagem de Chihiro não foi roteirizada. Ele explicou sobre sua forma de trabalho:
“Não sou eu quem faz o filme. O filme se faz, e eu não tenho escolha a não ser seguir. Existem 1.415 tomadas diferentes em A Viagem de Chihiro. Ao iniciar o projeto, eu imaginava cerca de 1.200, mas o filme me disse que não, tinha que ser mais de 1.200″.
3 – Todos os nomes dos personagens têm significado
Há diversos elementos em A Viagem de Chihiro que podem passar despercebidos para o público não-japonês. Um desses aspectos que podem não ser notados é o significado dos nomes dos personagens.
Chihiro se traduz em “mil” e “fazendo perguntas”, bem como “buscando ou procurando”. Isso reflete claramente a natureza naturalmente curiosa de Chihiro.
Mas quando Yubaba a faz assinar um contrato, ela pega um personagem de seu nome original para lhe dar um novo, “Sen”, que simplesmente se traduz em “mil”.
Desta forma, Yubaba tira uma parte importante da identidade de Chihiro, um ato ainda mais cruel pelo fato de Chihiro esquecer gradualmente seu nome verdadeiro. Yubaba se traduz em “casa de banho” e “velha”, essencialmente fazendo dela uma avó de casa de banho.
Boh significa “menino” ou “filho”, enquanto Kamaji, o homem bigodudo com seis braços, se traduz em “velho homem de frango”.
O nome da irmã gêmea de Yubaba, Zeniba, significa “bruxa do dinheiro”, que se conecta à sua fúria em Haku por roubar seu selo dourado.
4 – Por que os pais de Chihiro se transformam em porcos
Miyazaki já foi questionado por que tanto em A Viagem de Chihiro quanto em Porco Rosso: O Porquinho Voador, existem personagens que se transformam em porcos. Ele explicou:
“Isso porque eles são muito mais fáceis de desenhar do que camelos ou girafas. O comportamento dos porcos é muito semelhante ao comportamento humano. Eu realmente gosto dos porcos de coração, tanto por seus pontos fortes quanto por suas fraquezas. Eles estão perto de nós”.
Existe também uma explicação muito mais simbólica e retirada do mundo real para isso. Miyazaki disse que durante a década de 1980, algumas pessoas se tornaram porcos durante a bolha da economia do país, resultando em um crash em 1991.
5 – A inspiração para a sequência do espírito do rio
Em seus filmes Hayao Miyazaki sempre retrata a preocupação com a natureza. Em A Viagem de Chihiro há uma cena ao qual um espírito do rio visita a casa de banho ao qual a garota trabalha.
Chihiro é encarregada de limpar o que pode ser considerado um dos clientes mais sujos da casa de banho. A jovem tira todo tipo de poluição do espírito do rio, inclusive um bicicleta inteira.
Essa cena foi baseada em um história real de Miyazaki, que se empenhou na limpeza de um rio e também encontrou um bicicleta inteira durante seus trabalho. A dificuldade de Miyazaki e seus parceiros em retirar a bicicleta do rio foi refletida em A Viagem de Chihiro.
6 – O mistério do que os pais de Chihiro estavam comendo
Comida é um dos elementos mais importantes em todos os filmes do Studio Ghibli. Quando os pais de Chihiro visitam a cidade fantasma pela primeira vez e começam a comer em um restaurante, há um prato bege no lado direito de seu pai que gerou muitas perguntas.
Foi revelado que em uma descrição de storybard, a comida que pai de Chihiro come é o estômago de um celacanto. O celacanto é um peixe grande e uma das espécies vivas mais antigas da Terra, existindo há mais de 400 milhões de anos.
O motivo de Miyazaki incluir esse prato no filme não foi revelado, mas isso mostra o quão detalhista ele é em suas animações.
7 – As sessões de gravação da voz do Sem Rosto foram hilárias
Os filmes do Studio Ghibli não têm vilões verdadeiros. Em A Viagem de Chihiro, o Sem Rosto é um personagem que aparenta ser um vilão, mas não é.
O Sem Rosto representa as várias facetas da natureza humana, seja de forma positiva ou negativa. Na verdade, no filme ele procurar se conectar com os outros, mas não sabe como fazer isso.
Sem Rosto pode parece assustados, mas as gravações de sua voz foram um dos momentos mais hilários da produção do filme. O personagem tem a voz de Akio Nakamura.
Durante o processo de dublagem, Nakamura foi solicitado para fazer um “ah” triste, e depois um “ah” mais triste ainda, o que gerou várias piadas.
8 – Nenhum dos trabalhadores é humano
Depois que os pais de Chihiro são transformados em porcos e ela é deixada sozinha na estranha cidade após o anoitecer, ela descobre que o lugar é literalmente uma cidade fantasma, e a maioria dos moradores não é humana.
Depois que Haku a leva para a casa de banhos, ela é deixada aos cuidados de Rin, uma das funcionárias. Pode parecer que Rin e suas colegas de trabalho são os únicos humanos que trabalham na casa de banho, mas nem tudo é o que parece.
A ideia por trás dos funcionários da casa de banho é que todos os funcionários do sexo masculino são sapos, enquanto todas as mulheres são na verdade lesmas.
O estúdio sugeriu que a ideia por trás dessa noção pode ser que os chefes do Studio Ghibli tendem a parecer todos iguais para os novos contratados até conhecê-los melhor.
Foi proposto que a razão pela qual Chihiro vê Rin como humana é porque ela é uma das chefes de Chihiro, e sua mente precisa de uma maneira de distingui-la dos outros funcionários de lá.
9 – Miyazaki e seus animadores tinham uma tradição de jantar tarde da noite
Considerando que havia 1.415 quadros desenhados à mão feitos para o filme, não seria surpresa que os animadores que trabalham no Studio Ghibli não tiveram muito tempo para relaxar enquanto trabalhavam em um projeto.
Mas, apesar de sua intensa agenda de trabalho, um vídeo dos bastidores da produção do filme mostra uma tradição que os animadores tinham: uma espécie de rotina em que se revezavam preparando o jantar para a equipe todas as noites, sentando-se para comer por volta das 23h todas as noites.
A filmagem mostra que uma noite, um animador fez um enorme prato de espaguete para que todos pudessem aproveitar. Alguns dias depois, foi a vez de Miyazaki, que preparou um prato chamado “Ramen Sabor Salgado do Pobre”, conforme constava no cardápio do escritório.
A receita inclui 10 pacotes de ramen instantâneo em uma panela, um jantar rápido e fácil para um grupo de animadores famintos e sobrecarregados de trabalho. Contudo a equipe parecia feliz com a refeição e elogiando as habilidades culinárias de seu chefe.
10 – Os movimentos do dragão foram baseados em vários animais diferentes
A animação é uma forma de arte incrivelmente difícil e demorada, e os animadores que trabalham para Hayao Miyazaki têm um trabalho mais difícil do que a maioria.
Ele é incrivelmente específico sobre cada detalhe em seus filmes, e um vídeo dos bastidores revela a criação de uma cena envolvendo Haku em sua forma de dragão.
Miyazaki sabia exatamente como queria que o dragão se movesse e explicou essas ideias para seus animadores usando animais da vida real como exemplos. Primeiro, ele explicou que quando o dragão estava se debatendo, ele queria que ele grudasse na parede como um lagarto.
Mas quando o dragão cai, ele queria que ele caísse como uma cobra, e que fizesse um barulho ao cair. Durante a sequência em que Chihiro está tentando capturar Haku, Miyazaki queria que seus animadores pensassem em uma enguia lutando para escapar.
Para a sequência em que Chihiro tenta abrir a boca de Haku com as mãos, Miyazaki queria que seus animadores imaginassem um cachorro sendo forçado a tomar uma pílula.
Quando ele descobriu que nenhum de seus animadores tinha cachorros, ele os fez ir a um veterinário. Enquanto observaram o veterinário tentar forçar a abertura da boca de um golden retriever e gravaram os movimentos do cão para revisar mais tarde.
A Viagem de Chihiro pode ser assistido na Netflix.
Fonte: Looper
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Formado em Administração e Psicologia, e também fez curso de desenho. Fã de games, desenhos animados, séries e filmes.
