Spike Lee diz que seu filme flopado em premiação é reflexo do racismo

O cineasta Spike Lee não economizou em suas palavras durante a cerimônia de abertura do Festival de Cannes e deu a entender que espera mais resultados contra o racismo, por causa de um de seus filmes.

Spike Lee agora é o primeiro cineasta negro a presidir o Festival que, nesse ano realiza sua 74ª edição, e se tornou um dos mais importantes para o cinema internacional.

Sua presidência marca o retorno do Lee para a premiação que ajudou a impulsionar sua carreira. Em 1986, Ela Quer Tudo, longa dirigido pelo cineasta, conquistou um vitória no Festival.

Agora, o cineasta foi indagado sobre o resultado negativo de Faça a Coisa Certa, no Festival de Cannes. Considerada uma de suas melhores produções, o longa só conseguiu uma indicação e acabou por não ganhar nenhum premio na cerimonia.

O questionamento foi feito por Chaz Ebert, esposa do famoso crítico de cinema Roger Ebert,  que relembrou a reação estarrecida de seu marido, visto que Chaz até ameaçou boicotar o festival pelo resultado.

Fazendo uma relação da importância de seu filme, Lee citou George Floyd e Eric Garner, duas notáveis vítimas da violência policial nos Estados Unidos, para dizer que esperava um resultado diferente da influência de seu filme.

“Você pensaria que pessoas negras parariam de serem caçadas como animais”.

Gângsters

Spike Lee
Spike Lee (Reprodução)

Aproveitando a oportunidade, o cineasta ampliou o contexto de sua fala para situação política ao redor do mundo, não economizou ao comentar sobre Bolsonaro, Donald Trump e o presidente da Rússia.

Durante sua fala, o diretor se referiu ao ex-presidente americano através de um codinome e a Bolsonaro como “o cara do Brasil”, além de ressaltar que os governantes “não têm escrúpulos”.

“Este mundo é governado por gângsters. O Agente Laranja (Donald Trump), o cara do Brasil (Bolsonaro) e o (presidente russo Vladimir) Putin. Eles são gângsteres e farão o que quiserem. Eles não têm moral nem escrúpulos”

O posicionamento do cineasta americano vai de encontro com a forma negligente pela qual os governos citados tratam questões raciais e que também aqueles que envolvem algumas minorias.

Brasil no Festival de Cannes

Infelizmente, 2021 marca mais um ano em que o Brasil chega ao festival sem nenhum longa-metragem totalmente nacional.

Nesse sentido, nenhuma produção nacional pode concorrer nas maiores categorias da premiação, como a Palma de Ouro.

De forma bem simbólica, o drama de Casa de Antiguidades, desfilará pelo tapete vermelho do evento, representando o cinema nacional.

Ainda assim, o Brasil exibirá Medusa, seu único longa no Festival, sem parcerias internacionais. A reprodução ocorrerá na Quinzena dos Realizadores, uma sessão independente, que acontece em paralelo ao Festival de Cannes.

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