Fotografia de Medida Provisória foi inspirada em outro filme, entrega Lázaro Ramos

Medida Provisória chegou ao cinemas brasileiros na última quinta-feira (14) mostrando uma história de um futuro distópico no Brasil, em que o Governo quer enviar os negros do país para a África, como compensação pela escravidão.

O filme aborda assuntos bastante importantes, principalmente o racismo, que segundo seu diretor Lázaro Ramos, contou durante uma live do Ingresso.com, foi colocado em muitos detalhes do filme, como sua fotografia.

Durante a conversa, o ator e cineasta contou como a ideia para a iluminação diferenciada do longa surgiu após ele e o diretor de fotografia, Adrian Teijido, realizarem um estudo da fotografia do filme Se a Rua Beale Falasse, de Barry Jenkins.

“A gente estudou essa luz, que é muito desenhada quase artesanal, mas o tempo de preparação dela era gigante, a gente não poderia fazer, mas quando a gente tava estudando a gente entendeu umas coisas, a gente entendeu que a gente queria fotografar a pele negra com uma certa nobreza. Você pode ver que a gente mistura o jeito que ilumina essa pele, e tem uma transição para um momento em que os negros começam a ser expulsos, onde o Brasil também vai ficando acinzentado, é proposital, é tipo as cores que vão se perdendo, é um pouco uma metáfora sobre a cultura, a potência que se perde”, ele explicou.

Alfred Enoch e Taís Araújo em cena de Medida Provisória (Reprodução/Globoplay)

Ele, ainda, se desmanchou em elogios para Adrian Teijido, que o surpreendeu com tudo que conseguiu fazer para melhorar a produção.

“Ele (o diretor de fotografia) é genial. O filme foi feito em cinco semanas, eu não sei como ele conseguiu fazer essa luz no filme, não sei como ele conseguiu realizar umas coisas dificílimas, como, por exemplo, o plano sequência que a gente saiu do hospital, Tais vem correndo, e vem carro, vem polícia, explode bomba, desse jeito”, ele ressaltou.

Ele prosseguiu revelando que Medida Provisória tem uns easter-eggs, colocados para abordar indiretamente alguns tópicos, como na cena em que a personagem de Adriana Esteves pede um café preto em uma coletiva de imprensa.

“Quando a Isabel, que é a personagem da Adriana Esteves, coloca a mão no microfone para falar preto, porque ela quer um café preto, é uma alusão ao que a gente vive hoje em dia, as pessoas tem muito essa questão de se é negro, se é preto, se é afrodescendente, muito brancos ficam com medo de falar alguma coisa (errada). Eu geralmente quando me perguntam assim: eu te chamo de que, de preto, de negro, de afrodescendente, eu sempre falo: me chame de Lázaro, que é meu nome. Porque muitas vezes alguém chama o outro pela cor da sua pele, e isso também é algo a se conversar sobre. E o filme é cheio dessas coisinhas. Eu tenho um desejo muito grande de que as pessoas comecem a estudar o filme a partir desse easter-eggs ou esse elementos que o filme trás”, ele concluiu.

Medida Provisória está em cartaz em cinemas de todo o país.

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