Medida Provisória chega aos cinema esta semana depois de atrasos e boicote

O drama Medida Provisória, que mostra um futuro distópico onde o governo brasileiro decreta uma medida provisória que obriga os cidadãos negros a “retornarem” para a África, enfim chega aos cinemas na próxima quinta-feira (14), depois de muitos atraso e tentativa de boicote.

O filme, que é dirigido por Lázaro Ramos e coestrelado por Taís Araújo e Alfred Enoch, está pronto há dois anos, mas só foi liberado para chegar ao circuito nacional de cinema recentemente, depois de muitos e-mail trocados com Agência Nacional de Cinema (Ancine), e até consultas processuais.

Medida Provisória chegou a ser agendado para estrear em novembro do ano passado, mas não foi liberado para exibição nacional, segundo a assessoria da produção, devido questões burocráticas que sequer recebiam retorno, apesar de inúmeros recursos.

A Ancine chegou a negar as afirmações que vinham sendo divulgadas pela assessoria da produção, garantindo que o filme havia recebido R$ 2,7 milhões do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), que estava analisando o investimento em distribuição, seguindo os trâmites legais.

Depois de muita luta, enfim Medida Provisório foi liberado para estrear nos cinemas de todo o país em 20 de dezembro de 2021, notícia que foi comemorada por Lázaro Ramos, que publicou em suas redes sociais apenas uma frase: “Censura nunca mais”.

Taís Araújo em Medida Provisória (Divulgação)

Boicote vindo do Governo

Não bastasse todo os atrasos sofridos pela produção, ela ainda foi alvo de tentativa de boicote por parte de representantes do Governo, primeiro em março do ano passado, quando Sérgio Camargo, que na época presidia a Fundação Palmares alegou que o filme tentava associar o atual Governo a atos de racismo.

“O filme, bancado com recursos públicos, acusa o governo Bolsonaro de crime de racismo. Temos o dever moral de boicotá-lo nos cinemas. É pura lacração vitimista e ataque difamatório contra o nosso presidente”, ele chegou a postar em suas redes sociais.

Mais recentemente o longa voltou a ser atacado, desta vez por Eduardo Bolsonaro, o ex-secretário de Cultura Mário Frias e novamente Sérgio Camargo, que se revoltaram contra uma declaração de Taís Araújo, que definiu o tempo que o país está sob o Governo Bolsonaro de infernal.

Lázaro Ramos chegou a defender seu filme dos ataques:

“Sobre o filme falar do governo atual, devo dizer que ele foi escrito em 2015 e filmado em 2019. Começou a ser concebido já no ano seguinte, em 2012. É um filme distópico assim como várias obras realizadas na última década, a exemplo de tantos como Handmaid’s Tale e Black Mirror. Qualquer comentário sobre o filme é feito em cima de suposições ou desejo de polêmica, pois ninguém assistiu a obra a não ser quem esteve nos festivais onde o filme foi exibido”, ele escreveu em um comunicado enviado ao UOL.

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