Trinta anos depois de ganhar um prêmio com o livro da mais importante investigação jornalística de sua carreira, Caco Barcelos está vendo a mesma história ser transformada em uma série no Globoplay, e ele aproveitou para chamar atenção para os verdadeiros protagonistas.
O jornalista participou de uma coletiva para promover Rota 66 – A Polícia que Mata, ao lado dos atores da série, Humberto Carrão e Naruna Costa, e fez questão de deixar claro, que o protagonismo da história, não é dele, nem dos policiais da Rota, mas sim das milhares de vítimas daquela tropa.
“O livro não é a respeito da polícia que mata, mas trata das pessoas que sofrem com ela. É uma série dura, que fala sobre quem fica”, ele explicou.
Falando em protagonistas, Barcelos aprovou o ator escolhido para interpretá-lo no programa, que ele conheceu em uma reportagem no Complexo do Salgueiro, no Rio de Janeiro, e a quem destinou muitos elogios.
“Humberto é incrível! Que cara maravilhoso. Ele se comportou como um repórter legítimo, com entrega para a vida do outro e não só para o próprio umbigo”, ele salientou.
Para quem pensa que o jornalista poderia não ter concluído sua investigação por motivos de segurança pessoal, considerando que ele evidenciava os crimes de policiais acusados de formar um esquadrão da morte, pode se surpreender ao saber o que quase o fez desistir.
“Pensei várias vezes em abandonar para sofrer menos, mas isso me deu combustível para continuar. Colegas espanhóis me fizeram entender que também sou um correspondente de guerra, porque nossa guerra é permanente”, ele disse ao admitir que foi muito afetado pela dor dos parentes das vítimas.

Ele também revelou que quando começou a pensar em escrever o livro, inicialmente ele planejou retratar a história de uma pessoa só, mas ao se deparar com tantas histórias semelhantes ele acabou resolvendo ampliar a narrativa.
“No livro e na série o que importa é esse mergulho na vida de quem tem sua família destruída por essas ações. As situações eram tão brutais, injustas e quase inacreditáveis, que me deixaram assustado”, ele recordou.
Apesar de ter vivenciado o quanto o ser humano pode ser perverso, e como o sistema pode ser conivente com ações terríveis, contra pessoas que não tem nem chances de se defender, o jornalista afirmou que tem fé que as coisas podem mudar.
“Tenho esperança nas novas gerações, as bandeiras identitárias significam gestos de esperança. Os jovens são mais conscientes e não estão admitindo, como aceitavam no passado, essa brutalidade contra eles. Tenho uma grande esperança que as coisas melhorem, a mesma que tinha quando fiz aquela investigação no passado”, ele garantiu.
Os quatro primeiros episódios de Rota 66 – A Polícia Que Mata já estão disponíveis no Globoplay, novos episódios serão adicionados em dupla semanalmente.
Fonte: Gshow
O que você achou? Siga @siteepipoca no Instagram para ver mais e deixar seu comentário clicando aqui.
Gaúcha, formada em Jornalismo e Pedagogia, crocheteira,”mãe” da dog Katy, apaixonada por filmes e séries de gêneros variados e por escrever. Sou redatora do site E-Pipoca especialista em cultura pop, cinema, streaming e TV.