Documentário sobre Anthony Bourdain faz sucesso após polêmica

Lançado na última sexta-feira, 16 de julho, o documentário Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain, do diretor vencedor de Oscar, Morgan Neville, já conquistou recorde de bilheteria em seu primeiro final de semana, após polêmica.

O filme, que se tornou o documentário com maior bilheteria em um fim de semana nos EUA, desde que as salas de cinema foram reabertas, arrecadou cerca de US$ 1,9 milhões apenas nos seus três primeiros dias nos cinemas.

A dúvida que se formou é, o sucesso do documentário se deve a seu conteúdo, que conta a vida e carreira do famoso e falecido chef de cozinha Anthony Bourdain, que se suicidou sem motivo aparente em 2018?

Ou se deve ao sucesso de seu diretor, Morgan Neville, conhecido por contar com maestria a história de famosos, tanto que ganhou um Oscar em 2014, de Melhor Documentário de Longa-Metragem, com A Um Passo do Estrelado.

Ou, ainda, seria o fato de o longa ter se tornado o centro de uma grande polêmica, quando o cineasta admitiu que utilizou um programa de inteligência artificial, para inserir uma fala fake de Bourdain na produção.

O escândalo aconteceu após Neville contar durante uma à revista americana The New Yorker, que utilizou o programa de AI, deepfake, para recriar a voz do falecido chef de cozinha, vocalizando um e-mail escrito por ele.

Segundo Neville, ele optou por utilizar de inteligência artificial para possibilitar a construção de um conteúdo extremamente crível, mas que nunca existiu de verdade como áudio, com objetivo de fazer com que sua produção causa um maior impacto.

“Havia três citações para as quais eu queria sua voz, mas não havia gravações. Eu criei um modelo de sua voz com Inteligência Artificial. Se você assistir ao filme provavelmente não saberá quais são as outras falas ditas pela IA”, ele explicou.

Cena do documentário Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain (Reprodução)

Indagado sobre se a utilização de tal artificio não afeta eticamente o conteúdo do longa, sendo um documentário, ele deu uma resposta curta e grossa.

“Podemos ter um painel de ética documental sobre isso mais tarde”, ele disse.

Tudo fico pior quando após em outra entrevista, o cineasta ter afirmado que a viúva do chef de cozinha, Ottavia Bourdain esta ciente e teria consentido com a inserção das falas fakes.

“Eu chequei, sabe, com a viúva dele e com seu executor literário, apenas para me certificar que as pessoas ficavam tranquilas com isso. E eles disseram: Tony ficaria de boa com isso. Eu não estava colocando palavras na boca dele. Apenas estava tentando trazê-las à vida”, ele garantiu.

A viúva de Bourdain, no entanto, desmentiu Neville, utilizando sua conta pessoal no Twitter para garantir que ela nunca disse que seu falecido esposo concordaria com tal técnica.

“Eu certamente NÃO fui a pessoa a dizer que Tony ficaria de boa com isso”, ela escreveu.

Em seguida Neville refez sua fala, dizendo ao The New Yorker, que ele apenas informou a utilização da técnica com as falas criadas pela AI, e que ninguém se mostrou insatisfeito com isso.

“Não quis dizer que Ottavia achou que o Tony teria gostado. Tudo o que sei é que ninguém expressou ressalvas para mim”, ele disse.

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