Escritora de Um Lugar ao Sol destaca grandes diferenças sociais do Brasil em entrevista internacional

Umas das mais recentes produções da TV Globo a ser lançada internacionalmente, a novela Um Lugar ao Sol, virou notícia da revista americana Variety, para a qual a escritora Lícia Manzo deu uma recente entrevista.

Na conversa Manzo fez questão de falar sobre o fato dela destacar as diferenças sociais muito comuns no Brasil em Um Lugar ao Sol, para mostrar a realidade do país, que tem um abismo entre ricos em pobres.

“Na verdade, a diferença entre classes sociais sempre foi objeto de romances e folhetins famosos de Mark Twain a Machado de Assis; Victor Hugo para Janete Clair. Não há nada mais pungente do que a posição social de amantes, amigos, estar em seu caminho. Num momento em que o abismo que separa os pobres dos ricos no Brasil é tão grande, 13 milhões de desempregados, um quarto da população vivendo na linha da pobreza e apenas 14% dos adultos com diploma universitário, parecia um desafio oportuno criar cristãos socialmente excluídos e invisíveis na liderança e Renato como seu oposto polar. Questões como integridade, ética, desigualdade social, são levantadas em Um Lugar ao Sol não do ponto de vista estatístico ou factual, mas de um nível íntimo, subjetivo e humano. Misturar a tinta dos folhetins com a realidade, promovendo o diálogo e a emoção, a reflexão e o entretenimento, era isso que eu estava buscando com este projeto”, ela explicou quando indagada sobre utilizar um arquétipo semelhante ao utilizado em 1881, em O Príncipe e o Pobre, de Mark Twain, no mundo moderno.

Cauã Reynolds dá vida aos gêmeos Christian e Christofer em Um Lugar ao Sol (Divulgação)

Falando sobre o desafio de manter a audiência presa na história que é dividida em cerca de 100 capítulos de uma hora de duração, a escritora contou que tem o costume de abrir mais o enredo, trabalhando com personagens secundários.

“Eu sempre digo que uma telenovela não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona, exigindo capacidade pulmonar, planejamento. Sem pretensão de ter um método, desde a primeira telenovela que escrevi, acho que escolhi intuitivamente um evento central melodramático, muito parecido com folhetins, de modo a em torno dele, criar uma série de histórias secundárias e periféricas da vida cotidiana, histórias realistas, crônicas contemporâneas curtas, girando em torno do comportamento dos personagens. Um cardápio de vários dramas humanos, onde tento alcançar diferentes públicos. Através dessa variedade de pequenas histórias, eu acho que posso percorrer um caminho mais longo sem o risco de esgotar meus recursos. Aumentando e diminuindo o ‘volume’ de uma das tramas periféricas, deixando outro subir ao palco, tudo isso alinhado com a história central, e é precisamente essa polifonia, ou mesmo a alternância e interação entre os diferentes grupos e enredos que compõem a telenovela”, ela esclareceu.

Quando perguntado sobre as personagens secundárias Lara e Bárbara, Manzo ressaltou que procura não fazer diferença entre os personagens principais e os secundários.

“Eu acho que não deve haver diferença entre um papel principal e um secundário. Mesmo nos diálogos, presto atenção para que ambos existam em condições iguais, ambos terão suas razões e seus argumentos. Me certifico de que cada personagem, independentemente do tamanho, tenha sua parcela de humanidade, sua história de fundo, seus sonhos e desejos. Embora eu não acredite em manuais ou regras, acho que essa é uma orientação essencial para produzir boas estruturas de histórias”, ela concluiu.

Um Lugar ao Sol é transmitida diariamente na TV Globo a partir das 21h30. Seus episódios também estão disponíveis na Globoplay, com adições diárias.

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