Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta chega ao Brasil mostrando uma visão única do Comunismo

A produção russa vencedora de Prêmio Especial do Júri do Festival Internacional de Cinema de Veneza, Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 29 de julho, trazendo uma visão dura e realista do comunismo.

O longa, ambientado em junho de 1962, na Rússia, usa como pano de fundo um triste evento histórico do país, conhecido como Massacre de NovoCherkassk, no qual manifestantes foram executados durante um protesto.

O filme acompanha a executiva do Partido Comunista, Lyudmila, que após passar pela linha de frente da Segunda Guerra Mundial, como enfermeira, continua pregando a ideologia de Stalin e é cegamente devotada ao comunismo.

Mãe solteira de uma adolescente de 18 anos, rebelde e ativa politicamente, vivendo com seu pai ex-combatente de guerra, Lyuda se divide entre a família, a política e o caso com seu chefe casado.

Quando as pessoas a sua volta começam a ficar assustadas ao ver alimentos faltarem e os poucos que se encontram, aumentado de preço sem parar, ela continua a defender o partido afirmando que o comunismo consertará tudo.

As coisas começam a se complicar na vida dela, quando uma fábrica local entre em greve, devido os salários dos trabalhadores ter sido reduzido, provocando uma série de protestos.

Cena de Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta (Divulgação)

Mas ela vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando durante um grande protesto na praça central da cidade, tiros são disparados contra os manifestantes, ferindo e matando dezenas de pessoas e ela se dá conta que sua filha que participava do protesto desapareceu.

Considerando que a produção é russa, surpreende a maneira como o comunismo é mostrado, como um bando de generais que diante um manifesto que acham que pode manchar o partido, simplesmente manda matar civis.

O longa ainda aponta um evidente atrito entre KGB e exército, que tem uma implicância mútua e no momento da polêmica de quem atirou nos civis, ficam empurrando a culpa de um para o outro.

Mas o mais interessante é ver como uma ideologia pode ser rapidamente destruída quando ela afeta tão diretamente e profundamente a vida pessoal de seu devoto.

Lyudmila vê tudo em que acredita se transformar diante de seus olhos, quando, depois de ela mesma afirmar que o partido deveria punir os manifestantes, ela presenciou a fria execução de diversos deles e temeu que sua filha estivesse entre as vítimas.

A mulher fica apavorada e nauseada ao ver uma interpretação totalmente errônea de suas palavras, enquanto ela pensava em justiça ela viu seu amado partido ir contra seus próprios ideais e tomar atitudes de uma ditadura executando seu próprio povo.

Cena de Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta (Divulgação)

Como se as coisas não pudessem piorar enquanto ela busca por sua filha desaparecida, temendo que ele esteja morta, ela ainda vê os líderes comunistas fazendo de tudo para omitir o seu malfeito.

O fato de o filme ser em preto e branco e estar em formato 4:3 é um toque sutil que leva o espectador para dentro daquela história, para aquela Rússia pós-guerra de 1962.

No entanto, a falta de cor faz com que algumas cenas como o chão da praça coberto de sangue sendo lavado tenham menos impacto do que se mostrasse o vivo vermelho do sangue.

Apesar do formato escolhido dar menos amplitude da cena, isso não faz com que se perca detalhes, que são devidamente enquadrados quando importantes para a trama.

Resumidamente vale a pena investir duas horas de seu tempo, para assistir a Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta e ter a oportunidade de ver uma visão tão diferente de todas já vistas sobre o comunismo.

Caros Camaradas! Trabalhadores em Luta conta com direção do premiado Andrei Konchalovsky, que também trabalhou no roteiro do longa ao lado de Elena Kiseleva.

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