Steven Canals fala da morte de SPOILER em final de Pose

A série dramática Pose foi concluída no último domingo deixando muitos fãs de coração partido duas vezes, primeiro por saber que não terão mais do programa que conquistou seus corações e segundo por ver também o fim de um de seus personagens.

SPOILERS A PARTIR DAQUI.

O fim de Pose mostrou Blanca e Pray Tell conseguindo participar de um teste de um coquetel experimental de drogas para a AIDS. Infelizmente, após uma inicial melhora, o mestre de cerimônias acabou vindo a falecer.

Mais tarde descobre-se que a causa de sua terrível piora e morte é que ele começou a dar seus remédios para Ricky, que havia descoberto uma lesão no peito.

O co-criador e diretor do último episódio da série, Steven Canals, conversou com o site TVLine, e falou sobre a morte de Pray Tell (Billy Porter), afirmando que acha que seu colega co-criador Ryan Murphy possivelmente tenha pensado neste fim na primeria temporada, mas que eles só começaram a falar a respeito na segunda.

“Não o fiz durante a primeira temporada. Acho que Ryan Murphy diria que teve uma noção disso na primeira temporada, mas não conversamos sobre a morte de Pray Tell até a segunda temporada. A conversa teve muito a ver com algumas coisas, a mais importante sendo que se este é um programa baseado na realidade, como não temos um, mas três personagens vivendo com HIV, e estes são três indivíduos que acontece de ser negro ou afro-latino, vivendo próximo à linha da pobreza, que não tem acesso a cuidados médicos de qualidade, mas ainda vive e tem saúde? Parece um pouco como um alongamento. Então, conversamos muito durante a segunda temporada sobre a realidade do que estava acontecendo na comunidade de Nova York nos anos 80 e 90 no auge da epidemia, antes do coquetel, para nós, quão realistas são as escolhas que estamos fazendo no show?”, ele contou.

Ele prosseguiu explicando que eles começaram a testar a possibilidade da morte do personagem na segunda temporada, fazendo ele adoecer, mas sem coragem de concluir o que sabiam que teriam que fazer uma hora ou outra.

“Você nos vê lutando um pouco com isso durante a segunda temporada, porque vemos Pray Tell ficar doente, e ele é hospitalizado em nosso sexto episódio, e então você vê Blanca ficar doente, e ela está hospitalizada em nosso final da segunda temporada. Então, obviamente, estávamos indo e voltando na questão de perder um de nossos personagens. Mais uma vez, sabíamos que teríamos que fazer essa escolha em algum momento, e é uma história importante para contarmos”, ele afirmou.

Billy Porter em Pose (Divulgação)

Canals falou, então, sobre o fato de Pray Tell ter uma morte heroica, já que se sacrificou doando seus remédios para HIV a Ricky e se isso queria dizer que ele estava pronto para morrer.

“É interessante, porque tivemos essa conversa bastante na sala dos roteiristas. E enquanto eu estava editando o final, Ryan Murphy e eu também conversamos bastante. Acho que a realidade é que Pray Tell sabia o sacrifício que estava fazendo ao dar a Ricky sua medicação. Quer eu diga ou não que o Pray Tell está pronto, vou deixar isso para o público. Eu realmente acho que cada membro da audiência terá sua própria opinião sobre isso. Tenho uma opinião sobre isso, mas não sei se é justo compartilhá-la. Obviamente, em seu diálogo, ele diz algumas coisas ao longo do final … e algumas dessas coisas são contraditórias.

Ele salienta que a vontade do personagem não ficou clara, pois em um momento ele pareceu pronto para partir e em outro pronto para retomar sua vida e planejar um futuro.

“Na cena em que está com Blanca quando estão se preparando para a apresentação juntos, ele diz: Sinto que fiz de tudo. Mas na cena imediatamente anterior, onde Ricky mostra sua lesão, ele diz: Eu tenho um novo sopro de vida, e acho que posso querer voltar a projetar, e posso querer ir para a França. Ele tinha outros planos. É interessante, porque acho que nos obriga a fazer essas perguntas realmente importantes”, ele salientou.

Por fim o co-criador comentou sobre a atitude de Pray Tell de abrir mão de sua vida para ajudar outra pessoa que estava em uma situação tão ruim quanto a dele.

“Mas acho que a pergunta mais importante é: por quê? Por que ele fez o sacrifício por Ricky? E essa resposta para mim, especificamente, está no reconhecimento de Pray Tell que sempre tivemos que defender uns aos outros. Sempre tivemos que ser nossos próprios heróis. Ninguém mais vai, em face de qualquer dificuldade, vai se mostrar para nós da maneira que aparecemos uns para os outros. Para mim, aquele sacrifício, foi muito maior do que decidir desistir de sua medicação para um jovem negro gay que vive com HIV. É um lembrete para essa comunidade e para o nosso público que, no final do dia, nós, como pessoas queer e trans, sempre teremos as costas uns dos outros”, ele concluiu.

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