Você notou? Soul tem algumas semelhanças chocantes com The Good Place

Soul apresenta uma visão alegre da vida após a morte, quando um músico de jazz encontra sua morte prematura e tenta esgueirar-se de volta para a Terra.

No filme da Pixar, a alma de Joe Gardner (Jamie Foxx) fica presa na teia burocrática dos reinos da vida após a morte, que tem muitas semelhanças com outra vida após a morte charmosa e organizada que existe em The Good Place, série da NBC, disponível no Brasil pela Netflix. 

Os enredos

The Good Place contou a história de Eleanor (Kristen Bell), uma mulher que aparentemente foi colocada na vida após a morte para pessoas boas, embora acredite ser um erro.

Do ponto de vista narrativo, Soul usa o mesmo conceito de perturbar a ordem cósmica, colocando uma alma onde ela não pertence.

Cuidado! Spoilers abaixo

No filme, Joe deve ficar na esteira que o levaria para o ‘Grande Além’, mas ele resiste e cai, acabando por aterrissar no ‘Grande Antes’. Lá, ele assume a identidade de um mentor para novas almas, que antes de irem para a Terra para se tornarem humanas, passam por treinamento.

Eleanor também assume a identidade de outra mulher com o mesmo nome, contribuindo para a hilaridade semelhante do desequilíbrio cósmico.

Burocracia pós-morte

É interessante como ambas as histórias conferem à vida após a morte um caráter burocrático para compensar a gravidade da morte.

‘O bom lugar’ tem um arquiteto da cidade, chamado Micheal (Ted Danson), que atua como prefeito, e uma assistente onisciente chamada Janet (D’Arcy Carden). As novas almas passam por um primeiro encontro em um escritório com Michael, onde suas vidas ficam guardadas em pastas.

Mais tarde, os espectadores veem ‘O Lugar Ruim’, como um típico ambiente de escritório com chefes malvados, bebedouros, cubículos e reuniões de equipe.

Soul adota a mesma abordagem, dando ao ‘Grande Antes’ uma reunião de iniciação onde novas almas são emparelhadas com seus mentores; Joe recebe até um crachá para usar como um retiro administrativo.

Novas almas são atribuídas a casas que lhes conferem um conjunto único de traços de personalidade, tornando um processo orgânico organizado e eficiente. Existe o ‘Salão de Tudo’, onde as almas podem aprender novas habilidades e passatempos que lhes dão brilho. Este local funciona como um estande de feira de empregos em uma faculdade, departamentalizando ainda mais os aspectos inefáveis ​​do universo em uma forma familiar.

The Good Place (Divulgação / NBC)
The Good Place (Divulgação / NBC)

As entidades

A semelhança mais notável entre Soul e The Good Place, porém, é o uso de entidades cósmicas oniscientes com personalidades encantadoras.

Soul usa seres chamados ‘Jerry’ como conselheiros do acampamento para transportar novas almas, enquanto The Good Place usa assistentes chamadas ‘Janet’, que são igualmente úteis e também se apresentam em uma forma humanóide para que as almas possam percebê-los como não ameaçadores.

Nenhum ambiente de escritório seria executado sem problemas sem algum tipo de hierarquia, e nem a vida após a morte.

The Good Place tece uma intrincada teia de contadores, chefes e juízes cósmicos que têm que passar pelo mesmo conjunto de canais laboriosos para fazer qualquer coisa, como um escritório governamental. Soul também apresenta contadores que calculam o equilíbrio das almas que entram no ‘Grande Além’ usando um ábaco.

Joe não pode retornar à Terra a menos que tenha um cartão de embarque, que também é necessário em The Good Place. Na verdade, ambas as histórias fornecem regras e estrutura após a morte para fazer um conceito vasto e etéreo como a ordem cósmica parecer mais fundamentado e reconfortante.

Visita à terra

No verso das almas que entram na vida após a morte, tanto The Good Place quanto Soul apresentam uma entidade não humana visitando a Terra e aprendendo a ser humana.

Micheal de The Good Place é um demônio disfarçado, mas depois de passar tanto tempo estudando a bagunça caótica e cativante que é um ser humano, ele se apaixona por seus pontos fracos. Michael visita a Terra e fica pasmo com os fenômenos cotidianos, como um bebê recém-nascido.

Da mesma maneira, 22 é uma entidade pré-humana que finalmente visita a Terra e não consegue deixar de ficar de olhos arregalados com as coisas que Joe dá como certas. 22 fica animada com uma pizza, um barbeiro dando um pirulito para ela e apenas andando olhando para o céu.

Essas entidades humanas lembram ao público quão bela é a vida ao seu redor, quando eles não a consideram garantida.

A vida após a morte não precisa ser vista como um lugar assustador, especialmente quando conceitos como ordem cósmica são personificados de uma forma que imita construções sociais mundanas como um escritório.

Soul compartilha a visão de The Good Place sobre a contagem de almas e do que acontece quando os humanos mexem com a ordem natural do universo. No final, ambas as histórias descrevem como a vida na Terra pode ser tão preciosa quanto qualquer coisa além dela.

Fonte: CBR

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