Repleto de clichês, A Megera Domada diverte, mas não empolga

A Netflix tem olhado com atenção para as produções polonesas, e elas têm garantido excelentes posições entre as mais assistidas no streaming. Depois de Furioza, chegou a vez de A Megera Domada ganhar o coração dos brasileiros e figurar em primeiro lugar no Top 10.

A essência da história permanece a mesma da peça escrita por William Shakespeare, com algumas diferenças consideráveis, a começar por posicioná-la nos dias atuais. Mas nem isso salva o enredo da obviedade e da chuva de estereótipos.

Obviedade: talvez isso fosse o que a Netflix estava procurando ao assinar o contrato para fazer uma nova versão de uma história tão conhecida (e batida), que já foi transformada em filmes, e novelas (vide 10 Coisas Que Eu Odeio em Você, O Cravo e a Rosa, Topíssima, e até a temporada 2014 de Malhação, recém-reprisada na Globo), afinal, se o público já conhece o que acontece no fim, o sucesso pode estar garantido.

Cena de A Megera Domada (Reprodução / Netflix)

O enredo de A Megera Domada 2022 começa em Chicago, local em que a protagonista Kaska e transforma a vida daqueles que atravessam o seu caminho num inferno. Ela trabalha em um projeto de apicultura digital, e resolve voltar para sua terra natal, Podhale ao lidar com uma traição do noivo. Tudo é extremamente exagerado logo na primeira cena, inclusive a reação dos seguranças do laboratório em que ela trabalha, que chamam de “guerra” sua reação.

Ela é o tipo de protagonista para quem o público gosta de torcer, não é bobinha, mas é boazinha. É altiva, dona de si, e usa a gritaria e a marra como armas e escudo para uma personalidade frágil que ao longo do filme vai ser quebrada por um peitoral musculoso.

A moça volta para a Polônia disposta a colocar chips nas colmeias locais a fim de administrar um grande apiário e centro de pesquisa digitais. Lá ela encontra seu tio, e o sócio dele, que administram um bar local, e estão tentando ganhar dinheiro fácil vendendo para uma grande empresária as terras que pertencem à Kaska, e onde ela quer se instalar.

Mas essa grande empresária só tem interesse nas terras porque é lá que existe uma madeira rara, e que ela poderá lucrar rios de dinheiro transformando-as em móveis. Mas aí entra Patryk, o bonitão que vai enrolar a mocinha, mas ele aqui também é enrolado pela irmã a grande empresária.

Aqui a fórmula das comédias românticas se repete (não importa o lugar): Os mocinhos vão brigar, vão discutir, vão observar os atributos físicos um do outro e acabarem se atraindo como imãs. Nem as diferenças “irreconciliáveis” entre tio e sobrinha soam críveis.

O filme é divertido, vale seu tempo de tela, as paisagens belíssimas das montanhas polonesas, e uma fotografia limpa, sem a presença de muitos filtros ajuda a contar a história que em muitas cenas toma ares de comédia infantil dos anos 1990 como Denis, O Pimentinha. É um filme que facilmente daria para assistir na Sessão da Tarde.

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