A Netflix estreou na última sexta-feira (29), o filme Exército de Ladrões: Invasão da Europa. O longa é um prequel de Army of The Dead: Invasão em Las Vegas, grande sucesso do diretor Zack Snyder que mostrava a cidade luz infestada por zumbis.
Apostar em prelúdios é uma estratégia arriscada se tratando de grandes franquias, sobretudo quando a franquia em questão ainda está em desenvolvimento (pegando carona no hype de Snyder por causa de Liga da Justiça, a Netflix assinou um longo contrato com ele), porém o novo filme funciona perfeitamente criando laços com o primeiro, aprofundando as relações e interesses de um dos personagens e fazendo tudo diferente, até mesmo o gênero.
Isso mesmo! Diferente de Army of The Dead, Exército é uma comédia com toques românticos, mas nem por isso deixa a ação de lado, pelo contrário. É através da ação que o longa faz com que o espectador torça pelos personagens. Matthias Schweigöfer além de dirigir, protagoniza o filme novamente como Ludwig Dieter, um arrombador de cofres que no primeiro filme se considerava o melhor do mundo.
Dieter, que tem o nome de batismo Sebastian, é um cara comum, e começa o filme fazendo um vídeo de si mesmo para o YouTube falando sobre o arrombamento de cofres, entre eles um conjunto de cofres lendários, que é o que dá a tônica do filme.
O conto de fadas narrado por ele diz respeito a Hans Wagner, que após a morte de sua família decidiu construir os quatro cofres mais seguros do mundo inspirados nas óperas de O Ciclo do Anel, de Richard Wagner. O canal dele é um tremendo fracasso e nenhum de seus vídeos tem sequer uma visualização.
Sebastian é então convidado a largar sua vida como caixa de um banco local na Alemanha e se juntar a Gwendoline (Nathalie Emmanuel), uma líder de um pequeno grupo de ladrões que quer realizar um grande roubo, que tem por objetivo invadir os quatro cofres, em ordem crescente de dificuldade. O maior e mais desafiador desses projetos, o Götterdämmerung, foi visto em Army of the Dead, mas os demais cofres, o Rheingold, o Valkyrie e o Siegfried, estão espalhados por diferentes lugares da Europa.
A premissa não é nova e até rola um quê de Uma Saída de Mestre, mas é o grupo e principalmente o protagonista desastrado, e medroso que faz tudo soar divertido. Inclusive, Zack Snyder criou um roteiro extremamente eficaz, bem amarrado, e que fica muito mais divertido que seu antecessor.
Não espere o banho que foi visto no longa anterior, aqui os zumbis aparecem para compor menos que o pano de fundo, apenas o elo entre os dois filmes, mas os esforços que precisam ser reconhecidos são os de Matthias como diretor. Ele consegue explorar como ninguém o clima europeu, as paisagens externas tanto nas sequências mais românticas, quanto naquelas que existem perseguições.
O protagonista é dotado de um enorme carisma, mas Nathalie Emmanuel também rouba a cena mostrando o talento que lhe foi impedido de mostrar em seus papéis menores de Game of Thrones e Velozes e Furiosos.
Mas ela não está só. Outros personagens igualmente charmosos aparecem para fazer a engrenagem do filme acontecer, a hacker Korina (Ruby O. Fee), o piloto de fuga Rolph (Guz Khan) e Brad Cage (Stuart Martin), o personagem mais absurdo, que se sente um verdadeiro super-herói, que inclusive se deu este nome por ser aficionado por filmes de ação americanos.
Mas não seria um filme de roubo do estilo gato e rato não tivesse a figura de um policial, e tem. São eles os oficiais franceses do FBI, Delacroix (Jonathan Cohen) e Beatrix (Noémie Nakai).
Charme inclusive deveria ser a palavra que define Exército de Ladrões. É um filme visualmente bonito, com uma trilha atraente assinada por Hans Zimmer, um enredo que pode soar clichê, mas seu tempo de comédia deixa tudo extremamente redondo, a ponto de fazer suas duas horas passarem rapidamente. Tende a fazer mais sucesso que seu irmão mais velho.
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