CRÍTICA: Segredos do Putumayo lança espectador ao lado mais sombrio do Ciclo da Borracha

Documentário conta a história dos crimes cometidos contra povos indígenas que quase foram exterminados

O Ciclo da Borracha é muito conhecido na história do Brasil, principalmente na Amazônia, maior beneficiária de seus lucros, porém a história contada nos livros não remete a realidade do que acontecia nas áreas de coleta de látex.

Chegando aos cinemas em 1º de setembro, Segredos do Putumayo, é um filme feito para relembrar a maneira criminosa como uma companhia britânica de extração de seringa, escravizou, torturou e quase exterminou os povos indígenas daquela região.

Com uma mistura de imagens atuais, dramatização e fotos daquela época, o documentário narra as anotações do livro do ativista irlandês e Cônsul Britânico no Brasil, Roger Casement, que foi até o Putumayo em 1910, enviado por Londres, para investigar as ações da Peruvian Amazon Company.

Roger Casement (Reprodução)

Ao longo da produção, o espectador se aprofunda no terror que os índios passaram por anos nas mãos dos britânicos, contado com detalhes e de maneira bastante direta e realista por Casement, que narra a história na voz do ator irlandês, Stephen Rea.

O povo indigena do Putumayo foi dominado pelos líderes da Peruvian Amazon Company e seus capangas, sendo forçado a trabalhar na coleta do látex das seringueiras, sem receber nenhum dinheiro e quase nenhuma comida em troca.

O ativista relata, horrorizado, a maneira desumana como os índios eram tratados, no geral, indiferente de seu gênero ou idade, carregando mais que o dobro de seu peso, sendo castigados com crueldade e sendo assassinados brutalmente, quando não morriam devido às condições em que viviam.

Roger Casement com os índios do Putumayo (Reprodução)

Por mais que se tenha algum conhecimento do que foi o escravicionismo, constatar com detalhes, ouvir e ver imagens do que os britânicos fizeram com aqueles indígenas é muito triste e até doloroso.

Não é necessário ter alguma descendência indigena para se sentir agredido e revoltado com a história contada no documentário, basta ser humano e ter um mínimo de empatia.

É surreal pensar que aquilo tudo acontecia debaixo dos narizes dos governos do Brasil, Peru e Colômbia, e que foi necessário um inrlandês enviado por Londres, para que os crimes do Putumayo fossem denunciados.

Cena do teaser de Segredos do Putumayo (Reprodução/Youtube)

Um homem que apesar de não ter a nacionalidade ou raça dos seres humanos que eram escravizados e mortos indiscriminadamente, se compadeceu, se colocou no lugar deles e fez o que estava a seu alcance para tentar pôr um fim nos horrores que presenciou.

Mais do que uma ferramenta de conhecimento histórico, Segredos do Putumayo evidencia o lado mais sombrio do Ciclo da Borracha, de uma maneira dolorosa, mas necessária.

E nosso veredicto de Balde de Pipoca foi:

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