Como Judy Garland se tornou um ícone gay?

Atriz, embora não fosse parte da sigla LGBTQIA+, se tornou uma referência queer desde seu auge no cinema até os dias de hoje.

Judy Garland é uma atriz icônica, isso não se pode negar. A protagonista do clássico O Mágico de Oz e de tantas outras obras é considerada um ícone LGBTQIA+, embora ela mesma não fosse parte da comunidade, e muitas pessoas não entendem exatamente o motivo.

Há algumas décadas, quando era muito mais perigoso do que nos dias de hoje ser uma pessoa queer, os homens gays usavam o código “amigo de Dorothy [personagem de Judy no Mágico de Oz]” para se identificarem.

Em um bate-papo com o Entertainment Weekly, alguns especialistas na vida da atriz discutiram os motivos que fizeram Judy se tornar um símbolo tão importante da comunidade, que perdura até hoje.

Richard Dyer, autor do livro Heavenly Bodies: Film Stars and Society, sugeriu que a trajetória da carreira da atriz aconteceu de uma maneira muito parecida com o que seus fãs queer passaram em suas próprias vidas:

“A imagem dela sempre foi de que ela era bem comum. E aí ela teve todos aqueles problemas que se tornaram conhecimento público, e ela não era mais. Ela era uma excluída. De certa maneira, essa é a biografia de uma pessoa gay enquanto cresce. Você é criado para ser comum, e aí se dá conta de que você não é.”

“Ela se comparava com uma boneca, fabricada por adultos para seu entretenimento. Então ela nunca pode ser ela mesma. E ainda assim, quando ela se apresentava, ela exibia esse nível autêntico de emoção”, disse Nathaniel Frank, autor de Awakening: How Gays and Lesbians Brought Marriage Equality to America.

Atriz conviveu com muitos homens gays no trabalho

Judy Garland em O Mágico de Oz (1939) (Foto: Reprodução)

Ainda de acordo com Nathaniel, a forma como Judy era tratada no meio hollywoodiano se assemelhava demais com a vivência queer, e assim ela conseguiu criar uma conexão orgânica, causada pelos percalços de sua vida:

Ela é alguém que encarou muita hostilidade, abuso, exploração e foi mal compreendida durante sua vida, e achou uma forma de ser vulnerável e resiliente ao mesmo tempo. A atração era muito mais ampla do que apenas os fãs queer, mas a conexão com eles é bem real e persistente e parte da história de nossa comunidade.”

Há também a questão de que, embora fosse heterossexual, a atriz trabalhou com muitos homens gays que acabaram contribuindo para o ‘repertório gay’ de Judy. “Na MGM, ela era rodeada por homens gays e trabalhou de perto com eles, então ela acabou adquirindo muito daquela cultura e se tornou parte do vocabulário dela”, disse.

O clássico O Mágico de Oz, de 1939, está disponível na HBO Max.

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