Viola Davis revelou que, mesmo com seu status de ícone da atuação, ela ainda passa por situações de racismo em seu dia-a-dia.
A atriz de How To Get Away With Murder e O Esquadrão Suicida participou de um painel no Festival de Cannes chamado Women in Motion, e revelou que um diretor com quem trabalhou se dirigiu a ela usando o nome da empregada dele.
Viola desabafou sobre como é difícil, mesmo com a visibilidade que tem, de fugir dos rótulos e escalações de tipo de papeis que as pessoas negras recebem.
“Se eu quiser fazer o papel de uma mãe de família que mora em uma vizinhança difícil e de baixa renda e meu filho que era membro de gangue que morreu depois de ser baleado em uma fuga policial, eu conseguiria”, disse.
“Se eu quisesse fazer o papel, digamos, de uma mulher querendo se reinventar voando para Nice e dormindo com cinco homens aos 56 anos de idade, com a minha aparência, eu teria trabalho convencendo alguém, mesmo sendo Viola Davis.”
Segundo a atriz, isso está diretamente ligado ao estigma das pessoas negras, que ainda nos dias de hoje não são vistas como pessoas livres e que podem ter uma vida fora do conflito que é ter a sua cor de pele:
“Isso acontece porque as pessoas não conseguem conciliar a imagem da negritude com o despertar espiritual e a sexualidade. É demais, é demais quando você se parece com a minha empregada Louise.”
Viola então conta sobre o caso: um cineasta que já conhecia ela há uma década ainda teve um ‘lapso’ e a chamou pelo nome errado. Para ela, isso já mostra como as coisas ainda estão muito atrasadas:
“E eu digo isso porque eu tive na verdade um diretor que fez isso comigo. Ele disse, ‘Louise!’, e eu já conhecia ele há uns dez anos e ele me chamou de Louise, e depois eu fiquei sabendo que era o nome da empregada dele. Então, as coisas não mudaram.”
Atriz revela que perdeu chances por causa de sua cor
Viola também compartilhou como perdeu muitas chances em Hollywood por conta de sua cor.
Sem mencionar quais foram os estúdios, ela revelou que já teve projetos rejeitados em que ela sabe que uma mulher mais clara teria sido ouvida:
“Se eu tivesse minhas mesmas feições mas fosse cinco tons mais clara, seria tudo um tanto diferente, Se eu tivesse cabelo loiro, olhos azuis, e mesmo com um nariz mais largo, seria diferente de como é agora. […] Isso já me deixou arrasada com uma série de projetos, cujos nomes não vou citar.”
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.
