Um Olhar do Paraíso| Abusador de autora da obra que inspirou filme é absolvido

Anthony Broadwater foi inocentado da acusação de estupro da escritora Alice Sebold depois de passar 16 anos preso. A justiça dos Estados Unidos cancelou a acusação depois de rever e apontar falhas nas análise do processo criminal.

Sebold é conhecida como autora da obra que inspirou o drama Um Olhar do Paraíso. O filme foi adaptado do livro da escritora chamado Uma vida interrompida: Memórias de um Anjo Assassinado.

De acordo com o The Guardian, Broadwater ficou extremamente emocionado enquanto o juiz cancelava sua condenação a pedido dos promotores: “Nunca, jamais, pensei que veria o dia em que seria inocentado”.

William Fitzpatrick, promotor distrital do condado de Onondaga declarou ao juiz da suprema corte estadual de Gordon Cuffy a injustiça que representava a acusação de Broadwater: “Não vou manchar este procedimento dizendo: ‘Sinto muito’. Isso não resolve. Isso nunca deveria ter acontecido”.

Sebold, que hoje tem 58 anos, escreveu sobre a violência em Lucky, seu livro de memórias que foi publicado em 1999.

Alice Sebold (Divulgação)

A escritora alegou que quando estava no primeiro ano na Syracuse University em maio de 1981 foi estuprada por um homem negro. Segundo ela, meses depois avistou um homem na rua que tinha certeza ser o que a agrediu.

“Ele estava sorrindo quando se aproximou. Ele me reconheceu. Foi um passeio no parque para ele; ele encontrou um conhecido na rua. ‘Ei, garota’, disse ele. ‘Eu não te conheço de algum lugar?’. Eu olhei diretamente para ele. Sabia que seu rosto era o meu rosto no túnel”, escreveu em seu best-seller.

A escritora foi à polícia sem saber o nome do homem e uma varredura policial também não o localizou. Um oficial sugeriu que Broadwater era o homem que procuravam, pois ele teria sido visto na área.

Porém, depois do suposto criminoso estar na prisão, Sebold não conseguiu identificá-lo em uma fila e apontou um outro homem como seu agressor.

Isso não livrou Broadwater de ser julgado e condenado em 1982. Duas evidências serviram como base para a injustiça; a identificação de Sebold no banco de testemunhas e uma análise microscópica do cabelo.

Adaptação

Uma adaptação de Lucky feita pela Netflix ajudou a despertar para a revisão processual do caso. Tim Mucciante estranhou a condenação de Broadwater quando recebeu a primeira versão do roteiro ao ser escalado para a produção executiva do projeto, pois ela parecia diferente da versão de Sebold.

“Comecei a bisbilhotar e tentar descobrir o que realmente aconteceu”, contou o produtor à Associated Press. Mucciante se sentiu envolvido e resolveu chamar um detetive particular.

Sebold justificou seu erro dizendo:

“Uma garota branca em pânico viu um homem negro na rua. Ele falou familiarmente com ela e, na mente dela, ela conectou isso ao seu estupro. Ela estava acusando o homem errado”.

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