Juliette Binoche abriu o jogo sobre a humilhação que sentiu ao ser rejeitada para a posição de diretora em Hollywood.
A atriz esteve promovendo o filme Ouistreham durante o Unifrance Rendez-Vous em Paris e falou honestamente sobre o machismo na indústria cinematográfica e como é importante a inclusão de mulheres na produção criativa de filmes.
Juliette revelou que ela queria ter dirigido o drama, porém o produtor e roteirista Emmanuel Carrère não aceitou e assumiu o cargo. A atriz confessou que a recusa a deixou muito magoada e se sentindo um nada, porém conseguiu usar isso para entregar uma melhor performance na produção:
“Eu queria produzir Ouistreham mas Emmanuel Carrère não queria que eu fizesse. Me magoou e eu me senti humilhada. Eu fui para o set me sentindo sem valor algum. Mas no final das contas eu consegui canalizar este sentimento e foi a melhor preparação para este filme.”
Atriz hoje em dia entende decisão de colega
Apesar de como se sentiu na época, Juliette admitiu que não ficaram sentimentos mal resolvidos com o colega. Ela contou que acredita que a decisão não se baseou em ela ser uma mulher, mas no simples fato de que Carrère não conhecia o trabalho dela como artista na época:
“[..] Eu não guardei mágoa dele. Eu entendi que o Emmanuel não me conhecia, e eu acho que no futuro se eu [pedisse] a ele para fazer um filme com ele como ator e produtor ele iria aceitar… Eu também tenho ideias para os filmes e isso me faz querer tentar dar esse passo… É verdade que eu estou começando a conhecer algumas coisas sobre direção artística.”
A atriz observou também que a inclusão de mais diretoras está acontecendo gradualmente no mundo, mas que Hollywood ainda parece um tanto quanto atrasada nesse quesito. O filme Paradise Highway, inclusive, só foi aceito pela atriz por ser dirigido por uma mulher:
“Parece que tem tido mais e mais diretoras mulheres, e na França, essa tendência tem estado em óbvia ascensão. Nos Estados Unidos ainda parece que existe uma dificuldade maior. Eu recém fiz Paradise Highway com a Anna Gutto, que é da Noruega e está vivendo nos EUA há vinte anos, mas ainda assim não foi fácil pra ele entrar nesse projeto. Esta é uma das razões que eu quis fazer aquele filme com ela.”
Ouistreham não está disponível para assistir no Brasil, por enquanto.
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Gaúcho, graduado em Letras, apaixonado por drag e filmes e séries de terror.